ARTIGO: A federalização da Furb

A federalização da Furb, única universidade da região, é um sonho que remonta à década de 90. Com o transcorrer dos anos, o que parecia delírio de poucos tomou corpo, recebeu o apoio da comunidade do Vale do Itajaí e consolidou-se como uma das principais reivindicações da região junto ao Executivo federal.

No ano passado, após intensa mobilização popular, conseguiu-se chamar a atenção de Brasília para este pleito, e o resultado foi a criação de uma comissão envolvendo representantes da UFSC, Furb, prefeitura de Blumenau e Comitê Pró-Federalização. Comissão que, se considerarmos as declarações do reitor João Natel no Santa, parece não ter saído do papel. Afinal, a proposta a ser apresentada ao Ministério da Educação não deveria sair justamente desta comissão? Então por que João Natel afirma que a Furb não participou da elaboração do documento? Onde estão os tão necessários estudos jurídicos da incorporação?

A proposta apresentada pela UFSC não prevê a federalização da Furb. Também não pretende a criação de uma universidade no Vale do Itajaí. No máximo, prevê a criação de uma extensão da UFSC em Blumenau, o que não atende ao pleito da região, que é o da federalização da Furb através da incorporação de seu patrimônio, alunos e da cedência de seus servidores.

Uma universidade federal não se limita à oferta gratuita de vagas de ensino. Ela pressupõe pesquisa, extensão e comprometimento com o desenvolvimento da região em que se insere. Por isso, aceitar o documento apresentado significa, em primeiro lugar, por em risco a sobrevivência da mais antiga universidade do interior do Estado. Em segundo, não garante a criação de uma universidade no Vale do Itajaí. Em terceiro, demonstra desrespeito, da UFSC e do Ministério da Educação, à história do ensino superior na região.

Assim, faz-se necessário que a população e nossas lideranças políticas, econômicas e sociais assumam o compromisso de exigir do governo federal a real federalização da Furb, e que a reitoria realize os estudos jurídicos há muito prometidos. 

Data: 29 de fevereiro de 2012
Veículo: Jornal de Santa Catarina
Edição: 12465
Editoria: Opinião
Página: 2
Autor: Viegas Fernandes da Costa, historiador

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