ITAJAÍ – Cerca de 20% das 300 empresas de comércio exterior instaladas em SC planejam deixar o Estado por causa da unificação do ICMS em 4% para produtos importados. A projeção do Grupo Conasscon, principal escritório de contabilidade do segmento, com 150 importadoras como clientes, serve de termômetros sobre a situação do setor.
A afirmação foi dada após uma reunião do Sinditrade, sindicato das empresas de comércio exterior, sexta-feira, em Itajaí, para discutir os impactos no setor da unificação do ICMS para importados. No encontro, os 50 empresários presentes manifestaram dois sentimentos distintos: a preocupação com a possível perda de clientes que vão preferir importar por Santos (SP) e a esperança de que as negociações com o governo catarinense revertam a situação.
Elas ocorrem dentro de um grupo de trabalho criado segunda-feira pelo governador Raimundo Colombo. Os integrantes também se reuniram sexta-feira, em Florianópolis. Até 7 de junho, membros do governo e da iniciativa privada vão discutir as propostas. Coordenador das negociações, o secretário Nelson Serpa adiantou que deve haver redução de ISS nas cidades portuárias e existe a possibilidade de redução de ICMS para transporte de carga e criação de uma linha de crédito de capital de giro.
Mas a partir de agora, as informações não serão divulgadas. A Secretaria da Fazenda justifica que se o conteúdo for divulgado, os outros estados saberão quais as estratégias de SC e poderão criar medidas para atrair empresas. A tática é considerada correta por Rogério Marin, presidente da Sinditrade. A medida também foi defendida pelos importadores durante a reunião em Itajaí.
Os empresários têm boas expectativas sobre o pacote que o governo estadual vai oferecer. O assessor jurídico do Sinditrade, Jônatas Goetten, falou que os importadores vão se surpreender com o conteúdo das medidas. Ruan Thiago Montibeller, superintendente administrativo da Terra Nova Importação e Exportação, defende que todos têm a obrigação de acreditar.
A diretora executiva do Grupo Conasscon, Eliane Cristina Andrade, conta que, diferente dos 20% dos empresários que pretendem deixar o Estado, 60% aguarda pelos resultados antes de tomar uma posição. Os outros 20% ainda estão mais na expectativa porque temem pela sobrevivência do negócio.
Mas mesmo que o pior dos cenários se concretize, os impactos não devem ser tão dramáticos quanto a perda de R$ 1 bilhão em arrecadação alardeada pelo governo estadual durante a tramitação da Resolução 72 no Senado. Os importadores contaram que empresas que se instalaram em SC por causa dos ICMS mais baixos fizeram negócios com clientes locais e por isso devem preservar alguma estrutura e manter parte dos empregos.
Data: 12 de maio de 2012
Veículo: Jornal de Santa Catarina
Edição: 12528
Editoria: Economia
Página: 12
Jornalista: Felipe Pereira