Mortes por gripe H1N1 triplicam em todo o país no ano

Depois da pandemia do vírus influenza A/H1N1, que matou 2.060 pessoas no país em 2009, a chamada gripe suína voltou a preocupar autoridades neste ano. O número de casos e mortes disparou no primeiro semestre. De acordo com levantamento do Ministério da Saúde feito em todos os Estados, entre 1º de janeiro e 28 de junho foram registrados 790 casos da doença, que resultaram em 85 mortes. As ocorrências superam em mais de três vezes as verificadas em todo o ano passado: 181 casos e 27 óbitos.

Santa Catarina aparece como a unidade federativa mais problemática. Quase 60% de todos os casos (458) concentraram-se no Estado, com 35 pessoas mortas por causa da gripe. A Secretaria Estadual da Saúde prevê recrudescimento do quadro, uma vez que, tradicionalmente, o maior número de casos ocorre no mês de julho, explica Fábio Gaudenzi de Faria, diretor estadual de Vigilância Epidemiológica. "Ainda temos um longo período de inverno pela frente. Sempre temos o maior número de casos graves em julho, o que significa que as equipes de saúde têm que estar extremamente alertas", diz Faria.

Em segundo lugar, com 92 casos e 15 óbitos, aparece o Estado de São Paulo, seguido por Rio Grande do Sul e Paraná, com 128 ocorrências e 16 mortes, somados. Em Goiás foram registrados 15 casos e 5 mortes.

Faria explica que é difícil encontrar uma explicação para o elevado número de mortes em Santa Catarina. "Depende da intensidade da circulação dos vários tipos de vírus influenza. Neste ano, podemos afirmar que está mais presente o subtipo H1N1. O Paraná, por exemplo, registrou dez vezes mais casos do que em Santa Catarina no ano passado." Outra explicação é o atraso no tratamento. "Às vezes, a pessoa, em uma condição já complicada por um problema respiratório, começa a tomar o remédio dois, três dias depois que já está infectada. O tratamento tem que começar o mais rápido possível", diz.

O diretor do Departamento de Vigilância de Doenças Transmissíveis do Ministério da Saúde, Cláudio Maierovitch, informou que o governo federal está monitorando as ocorrências em todos os Estados e fez questão de afirmar que o Brasil não corre risco de uma epidemia. Mais medicamentos estão sendo distribuídos e há uma orientação nacional para que os médicos sigam um novo protocolo de atendimento a pacientes, específico para o inverno.

"Pode haver, sim, surtos em alguns lugares, porque o vírus A/H1N1 é um tipo mais agressivo do que qualquer outro tipo de vírus gripal. Os números que estamos vendo não fogem de nenhuma padrão de circulação do vírus influenza", explicou.

Segundo ele, informações referentes ao perfil das vítimas em Santa Catarina mostram que a maior parte delas tinha algum problema sério de saúde. "O levantamento ainda não foi fechado, mas uma proporção importante das pessoas tinha doenças associadas – tinha gente obesa, com diabetes, doença pulmonar crônica, até câncer em fase de metástase e doença renal", complementa.

Especialistas ouvidos anteriormente pelo Valor apostam na antecipação da campanha de vacinação como forma de reduzir a incidência de casos e de mortes. Mas Maierovitch afirmou que a campanha deste ano, que vacinou mais de 30 milhões de pessoas, foi bem-sucedida e a maioria das vítimas até agora não corresponde aos quatro grupos de riscos, alvo da campanha.

Veículo: Jornal Valor Econômico.
Edição: 3042.
Editoria: Brasil.
Página: A3.
Jornalista: Luciano Máximo, de São Paulo.