Desde 10 de agosto do ano passado, quando o Ministério da Educação confirmou a instalação de uma universidade federal em Blumenau, não surgiram novos motivos para comemorar. A principal trava para o avanço da proposta está na indefinição quanto ao modelo de federalização da Furb. Diante da falta de consenso entre a instituição de ensino blumenauense e a UFSC, restou ao Ministério da Educação (MEC) solucionar caso. O processo aguarda por resposta há um mês, enquanto a promessa era resolver o impasse em uma semana. O reitor da Furb, João Natel, esperava que a universidade federal estivesse funcionando no segundo semestre de 2012. Ele elenca os empecilhos encontrados no caminho à federalização: – Mudou a reitoria da UFSC, trocou o titular do Ministério da Educação e os servidores federais estão em greve. Tudo isso atrapalha. Além do mais, o processo envolve decisões coletivas por parte das instituições e isso tende a ser mais demorado – explica. A reitora da UFSC, Roselane Neckel, disse, por meio da assessoria de imprensa, que o assunto está em pauta na universidade federal: – Desde que assumi, em 10 de maio, discutir a proposta feita pela Furb tem sido uma das nossas prioridades. A coordenadora de Planejamento da Furb, Flávia Keller Alves, sente falta de vontade política dos representantes da região para resolver. O clima na universidade é de instabilidade: – Para o futuro da instituição temos dois rumos a seguir. Continuar no modelo atual, com alunos pagando mensalidade, ou ter financiamento federal. Nosso planejamento é voltado para o modelo atual, não podemos contar com a federalização porque ainda é dada como incerta – explica O anúncio oficial do Plano Nacional de Educação, incluindo a criação de um campus da UFSC em Blumenau, foi feito em 16 de agosto de 2011, pela presidente Dilma Rousseff, em Brasília. No mesmo dia, lideranças políticas inicaram as negociações para que o centro de ensino pudesse surgir a partir da Furb. Em seguida, o MEC deu prazo de 30 dias para que um plano de fusão fosse encaminhado. O sinal de apoio da comunidade acadêmica foi claro: em duas passeatas, mais de 10 mil pessoas foram às ruas clamar pela universidade federal. A mobilização foi maior ainda na internet. Em menos de uma semana, o movimento Sou Pela Furb Federal uniu 27 mil pessoas no Facebook. Expectativa é que Ministério da Educação tenha novidades nesta segunda-feira Ao longo dos últimos 12 meses, porém, a dúvida levou alguns dos apoiadores do movimento. Hoje, a página na rede social tem 24 mil adeptos. O integrante da coordenação colegiada do Comitê Pró-Federalização, Jorge Gustavo Barbosa de Oliveira, se diz surpreso com o número de pessoas que segue apoiando a causa: – É claro que o número ia cair diante de um ano de idas e vindas. Ainda me surpreendo com o apoio. Diante disso, tenho certeza de que conseguimos uma vitória. Uma universidade federal em Blumenau é irreversível, basta implementar – avalia. O MEC informou sexta-feira, por meio da assessoria de imprensa, que o caso segue em análise. A expectativa do ministério é ter novidades nesta segunda-feira. (Colaborou Giovana Pietrzacka). O PORQUÊ DA DEMORA |
A indefinição quanto ao modelo de federalização é o principal impasse para avanço do projeto. Entenda o que propõe cada universidade: Furb |
Modelo de tutoria prevê que o patrimônio e os servidores da universidade de Blumenau sejam absorvidos pela União, mas que a autonomia administrativa e acadêmica sejam mantidas. A partir da sinalização do MEC, os alunos já matriculados teriam a gratuidade do ensino |
UFSC |
Modelo de incorporação prevê que as vagas gratuitas sejam oferecidas apenas mediante vestibular. Não contempla cessão do patrimônio e a cedência dos professores e servidores. Faria a Furb desaparecer gradualmente |
Saiba mais (anexo).
Veículo: Jornal de Santa Catarina.
Edição: 12606.
Editoria: Política.
Página: 4.
Jornalista: Raquel Vieira (raquel.vieira@santa.com.br).