Uma semana depois de anunciar os maus resultados do ensino médio no Índice de Desenvolvimento da Educação Básica (Ideb) – 11 Estados deixaram de cumprir a meta -, o ministro da Educação, Aloizio Mercadante, convocou todos os secretários estaduais de Educação para discutir saídas para o ciclo mais problemático do ensino básico, cuja responsabilidade constitucional é dos Estados. O Ideb é o principal indicador de qualidade educacional do país.
No encontro, marcado para amanhã, em Brasília, Mercadante vai acenar com mais recursos federais para reforma e construção de escolas, ampliação da oferta do ensino médio, tanto em tempo integral como ligado à educação profissionalizante, e para qualificação de profissionais.
O presidente do Instituto Nacional de Pesquisas Educacionais Anísio Teixeira (Inep), Luiz Cláudio Costa, afirmou que a cooperação do MEC com Estados e municípios é "a tônica" que a presidente Dilma Rousseff quer adotar para melhorar a educação brasileira, principalmente no nível médio, que ficou estagnado no Ideb 2011, com dez Estados e o Distrito Federal abaixo da meta de 3,7.
"O ministro está dialogando com governadores e secretários.
Ele está disposto a aumentar recursos das políticas estruturadas do ministério. Há Estados com dificuldade para oferecer curso diurno, porque não têm infraestrutura, o MEC pode ajudar na construção de escolas. Também vamos apoiar o treinamento de professores, com a ampliação do programa Universidade Aberta do Brasil", revelou o presidente do Inep, órgão do MEC que cuida do Ideb e do Exame Nacional do Ensino Médio (Enem).
Os secretários estaduais reivindicarão dinheiro novo para aumentar a escala de projetos já em andamento e que têm eficiência comprovada. No Ceará, o foco deve ser a escola mista, de ensino médio regular e técnico. "Levantamento da secretaria mostrou que o Ideb isolado desses colégios é melhor do que a média geral do Estado. Com novos recursos vamos além das 92 unidades atuais", diz Izolda Cela, secretária cearense.
Thiago Peixoto, titular da Educação em Goiás, buscará incrementar uma parceria já existente com o MEC e o Instituto Unibanco, voltado especificamente para gestão escolar. "Já temos R$ 100 por aluno do ministério para o programa Jovem Talento em 180 escolas. Com mais recursos podemos levar o projeto a 600 escolas e contemplar mais de 100 mil alunos."
Embora o MEC sinalize disposição para ajudar os Estados, os secretários são realistas quanto à possibilidade de novos aportes federais para aumentos de salários, reivindicação antiga de prefeitos e governadores e considerada por gestores e especialistas uma das ações mais eficientes para melhorar a qualidade do ensino.
Os secretários também ouvirão cobranças do ministro da Educação na reunião. Insatisfeito com o resultado do Ideb no ensino médio, Mercadante vai querer saber por que a qualidade do ciclo escolar de responsabilidade dos Estados se mantém praticamente estagnada nos últimos anos, mesmo com o MEC tendo alocado recursos de forma sistemática e crescente em merenda, material didático, transporte.
Com 8,2 milhões de alunos, o ensino médio público no Brasil vem perdendo matrículas nos últimos anos, registra avaliações inadequadas de proficiência e tem taxa de conclusão na casa de 50%.
Veículo: Jornal Valor Econômico.
Edição: 3075.
Editoria: Brasil.
Página: A2.
Jornalista: Luciano Máximo, de São Paulo.