A mudança na rotina no Corpo de Bombeiros Militar de Gaspar é perceptível. Antes, os chamados vindos da BR-470 eram quase diários. Preparados para o pior, os socorristas saíam da base sabendo o que encontrariam no local da ocorrência. As 24 mortes registradas no trecho de Gaspar na rodovia no último ano – o maior número dentre as cidades do Vale cortadas pela estrada – deixaram os bombeiros conscientes dos perigos que o local podia proporcionar. Com o começo de 2012 e a implantação de três lombadas eletrônicas no trecho, o trabalho para os socorristas na cidade foi alterado pela redução no número de ligações vindas da rodovia com o anúncio de colisões.
– Sentimos a diferença, principalmente nos fins de semana. O pessoal passava em alta velocidade nos locais onde havia muita entrada e saída de bairros – constata o soldado Luciano Rominhuk, do Corpo de Bombeiros de Gaspar.
Não apenas o município sentiu os efeitos da instalação de 22 lombadas eletrônicas e oito radares fixos no trecho de 200 quilômetros da rodovia, entre Navegantes e Ponte Alta. Em todo o trecho, no ano passado, 89 pessoas morreram em acidentes até 17 de agosto. Com o controle de velocidade, no mesmo período, foram 57 acidentes fatais em 2012, uma redução de 36%.
– O resultado que temos é para comemorar. Porém, não podemos esquecer que o número ideal seria zero. A redução iniciou e vai continuar pelos próximos dias – destacou o engenheiro responsável pelo Departamento Nacional de Infraestrutura de Transportes (Dnit) no Vale do Itajaí, Eliffas Marques.
Responsável por escolher os pontos onde foram implantados os equipamentos, o engenheiro afirmou que um dos índices que mais apresentou redução nos primeiros meses de 2012 – desde a instalação do monitoramento – foi o de atropelamentos. A diminuição foi de 25% até o fim de março. Indaial, trecho em que pessoas era atropeladas com frequências, a queda foi de 70% com os três redutores de velocidade.
– Comemorei essa iniciativa, pois ali tínhamos pontos cruciais da rodovia – afirmou Marques.
Fiscalização intensificada também auxilia na queda
Apenas com os três equipamentos, Indaial, que entre 2000 e 2011 foi a cidade cortada pelo rodovia que registrou mais mortes (126), teve dois acidentes fatais em 2012. Inspetor-chefe da 4ª Delegacia da Polícia Rodoviária Federal, responsável pela rodovia, João Atadeu de Melo aponta para a fiscalização intensificada, a partir de setembro do ano passado, como uma das principais aliadas do monitoramento eletrônico para a queda de mortes na rodovia. Acrescentou ainda que os motoristas estão sendo conscientizados a partir das abordagens policiais a alterar o comportamento no trânsito.
– Estamos mudando nossa estrutura e colocando mais policiais nas ruas para intensificar ainda mais a fiscalização. Já percebemos uma grande redução – relatou o inspetor.
VIDAS POUPADAS
Até 17 de agosto do ano passado, 89 pessoas morreram em acidentes nos 200 km da rodovia. No mesmo período de 2012, o número caiu para 57.
Data: 18 de agosto de 2012
Veículo: Jornal de Santa Catarina
Edição: 12612
Editoria: Geral
Página: 14