FLORIANÓPOLIS – Santa Catarina tem a segunda menor taxa de analfabetismo do país (4,1% do total de 14 milhões de pessoas), atrás do Distrito Federal, que tem 3,5% de analfabetos na faixa etária acima de 15 anos. Os dados são do Censo 2010. Entre a população de 10 a 14 anos, o Estado tem a menor taxa de analfabetos do país (1,2%). São 6.235 crianças sem dominar o mínimo da leitura e escrita.
A queda da taxa de analfabetismo vem acompanhada do aumento do número de cidades livres do problema. Subiu de 64 em 2007 para 283 em 2010. Para obter o título, o município não pode ter índice maior do que 4% de analfabetos igual ou acima de 15 anos. Em Santa Catarina, 59 cidades comemoram essa realidade, como São João do Oeste – a segunda cidade brasileira com menos analfabetos. Apenas 1,02%, ou 55 moradores, não sabe ler nem escrever.
Apesar dos baixos índices, o professor do Departamento de Pedagogia da Udesc Lourival José Martins Filho afirma que, enquanto houver analfabetos, serão necessárias medidas para encontrá-los e ensiná-los.
– O Estado deve isso à sociedade. Enquanto houver catarinenses que não sabem ler, tem que ter políticas públicas e investir em ações urgentemente. Fazer levantamento nas comunidades, nas escolas rurais, perseguir até a última pessoa – ressalta.
Para Martins, um fator que contribui para as baixas taxas no Estado é a sua colonização, que trouxe povos com uma relação diferenciada com a educação. Ele diz que a maioria das famílias deseja que os filhos sejam alfabetizados.
O professor ainda fala que a universalização da educação contribui para o indicador. Mas não se restringe a isso, ele vem acompanhado de boas práticas escolares, que fazem com que os estudantes permaneçam nas escolas. Ele cita como diferencial os trabalhos de incentivo à leitura, bons programas de alfabetização e bons professores.
Alunos de universidade sem domínio da leitura
Enquanto o analfabetismo caminha para ser erradicado, uma recente pesquisa divulgada pelo Instituto Paulo Montenegro e pela ONG Ação Educativa mostra que os brasileiros chegam aos ensinos Médio e Superior sem domínio pleno da leitura. Eles apresentam restrições da compreensão e na interpretação textual. Os dados fazem parte do Indicador de Alfabetismo Funcional, que avalia essas três áreas. Ele é feito com entrevista e teste cognitivo numa amostra de duas mil pessoas, representativa da população brasileira.
De acordo com o índice, entre as pessoas que concluíram o Ensino Médio, a proporção de alfabetizados em nível pleno era de 49% em 2001 e caiu para 35% em 2011. No Ensino Superior ocorre o mesmo: 76% das pessoas neste nível de escolaridade eram plenos em 2001 – o número caiu para 62% em 2011.
As 20 livres dos analfabetismo.
Veículo: Jornal de Santa Catarina.
Edição: 12635.
Editoria: Geral.
Página: 12.
Jornalista: Júlia Antunes Lorenço.