Em plenária do Comitê Pró-Federalização da Furb, a comunidade acadêmica da universidade de Blumenau aprovou ontem uma carta aberta repudiando um esboço de termo de cooperação encaminhado ao Ministério da Educação pela Universidade Federal de Santa Catarina (UFSC) com um modelo para parceria com a universidade de Blumenau. O documento chegou no MEC dia 1º de agosto, mas só foi encaminhado à Furb em 13 de setembro. Mais de 60 pessoas, entre professores, servidores e estudantes, se reuniram no auditório do bloco J, campus 1 da Furb. O documento aprovado pelo MEC diz que caberá à universidade federal selecionar os alunos e escolher os docentes. A Furb deverá oferecer condições materiais adequadas para instalação e execução do curso, inclusive disponibilizando salas de trabalho em boas condições para pesquisa, extensão e ensino. Fica como responsabilidade da universidade de Blumenau também garantir a limpeza, a segurança e a conservação dos espaços usados pela UFSC na cidade. Este esboço de Termo de Cooperação foi avaliado pelo Ministério da Educação, que no dia 23 de agosto se manifestou favorável à parceria mediante as diretrizes inseridas no documento. Faz um ano que a instalação de um campus federal foi anunciado pela presidente Dilma Rousseff, até então não se chegou a um consenso sobre o modelo para a parceria. A morosidade em questões burocráticas também revolta a comunidade acadêmica. – Lamento porque investimos muito por 10 anos nesta luta pela universidade federal e agora chegamos numa situação lastimável. Precisamos nos movimentar, buscar ajuda – disse a professora Elsa Bevian na plenária, ontem à noite. Comitê prevê manifestações nas ruas para os próximos dias O coordenador do Comitê Pró-Federalização, Clóvis Reis, afirmou que a reação negativa da comunidade acadêmica já era esperada. Ele explica que o esboço do termo de cooperação não contempla as reivindicações históricas do movimento: – A transferência dos estudantes e a cessão dos professores não ficam claros. Estes foram os pontos que mais causaram revolta – afirmou. Nos próximos dias será realizada uma reunião do Comitê Pró-Federalização da Furb para apreciação de uma carta direcionada à UFSC. Também ocorrerão manifestações nas ruas de Blumenau, em datas ainda indefinidas. Após a reunião e aprovação da carta pela comunidade acadêmica, a reportagem tentou conversar, por telefone, com o reitor da Furb, João Natel, e com a reitora da UFSC, Roselane Neckel. Ambos não atenderam as ligações. O QUE DIZ O TERMO DE COOPERAÇÃO |
– O curso escolhido (o documento não detalha se serão um ou mais, usa o termo ora no singular, ora no plural) será ministrado pela UFSC. Será público e gratuito |
– A UFSC terá autonomia para selecionar os alunos, escolher e planejar os cursos |
– Docentes da UFSC poderão atuar como co-orientadores em cursos afins ministrados pela Furb |
– A Furb deverá oferecer o espaço físico, disponibilizar laboratórios equipados, zelar pela limpeza, segurança e manutenção da estrutura usada pela universidade federal |
– Sairão também da Furb, no mínimo, 10 servidores para suporte administrativo. A remuneração destes funcionários deverá ser bancada pela Furb |
– A UFSC será responsável pelas despesas relacionadas à seleção dos alunos |
– A UFSC será responsável pelas despesas relacionadas à remuneração dos quadros, cabendo as demais despesas e investimentos à Furb, inclusive com relação à remuneração dos docentes e servidores oriundos de seus quadros |
– O termo de cooperação vigorará por dois anos, contados a partir da data da assinatura, podendo ser prorrogado |
– A UFSC assumirá apenas despesas expressamente previstas no termo de cooperação, não se responsabilizando por despesas ou dívidas de competências da Furb, mesmo que diretamente relacionadas à execução dos cursos a serem criados em razão do acordo |
Veículo: Jornal de Santa Catarina.
Edição: 12645.
Editoria: Política.
Página: 4.
Jornalista: Raquel Vieira (raquel.vieira@santa.com.br).