Uma solução para o lixo em debate

Foi aberto ontem na Universidade Regional de Blumenau (Furb) o 4º Fórum Regional de Resíduos Sólidos Urbanos do Médio Vale do Itajaí e Seminário Brasileiro-Sueco sobre Gestão de Resíduos e Projeto Vinnova. O evento continua hoje apresentando opções de gestão de resíduos para as cidades que integram a Associação dos Municípios do Médio Vale do Itajaí (Ammvi). As soluções vêm da cidade sueca de Boras, trazidas por profissionais e estudiosos da área da gestão de resíduos. Entre eles, estão a diretora de Mercados Emergentes da SP Technical Institute of Sweden, Jessica Magnusson, o presidente da Biogas Systems, Tony Zetterfeldt, e a professora e pesquisadora da Universidade de Boras, Anita Pettersson. Depois de conhecerem os aterros sanitários e os processos de coleta de lixo do Vale, o Santa conversou com os três especialistas. Confira:

Santa – Como são os aterros do Vale do Itajaí comparados aos da Suécia?

Tony Zetterfeldt – Os aterros sanitários daqui não são muito diferentes do que os existentes na Suécia, tanto na estrutura, quanto na aparência. O que falta para os aterros locais são dados: de toneladas de lixo, do tipo de material descartado. Isso prejudica a gestão de resíduos sólidos, porque por exemplo, os resíduos podem gerar gás ou calor e não são utilizados para produzir energia, por exemplo. Na Suécia, os aterros são usados para produzir energia elétrica.

Santa – De que maneira o modelo sueco poderia ser aplicado aqui?

Jessica Magnusson – O objetivo não é copiar o modelo sueco, porque os países e o lixo gerado são diferentes. O que está sendo feito é apresentar as soluções que servem para a realidade local. E, partindo disso, fazer com que o processo de reaproveitamento do lixo seja implantado de forma mais rápida e eficaz, apenas remodelado.

Santa – Os aterros sanitários são boas soluções? Ou já estão ultrapassados?

Tony – Os aterros são boas soluções enquanto a região não conseguir dar outro fim para os resíduos.

Jessica – Mas a região deveria pensar em uma maneira de reduzir o que segue para o aterro. No entanto existem opções melhores para a gestão de resíduos, com outros fins. Na Suécia, menos de 1% dos resíduos gerados é encaminhado para os aterros sanitários.

Santa – De que forma a coleta seletiva poderia ser incentivada para a redução de resíduos?

Jessica – Informando a população dos benefícios que a população teria a partir do momento que passa a reciclar o lixo.

Tony – Na Suécia, há distribuição de embalagens específicas para os recicláveis. E também existe uma redução de impostos para as pessoas que geram menos lixo e o lixeiro só recolhe os latões que estão marcados com selos que comprovam o pagamento do imposto sobre aquela quantidade de lixo.

Santa – Como incentivar os passos que vêm antes da reciclagem: a redução do consumo e o reaproveitamento antes do descarte?

Jessica – O consumo continua aumentando e os números de resíduos também crescem. Novamente, é preciso conscientizar a população dos prejuízos de desperdiçar os resíduos.

Anita Pettersson – Também é preciso passar a responsabilidade para as empresas, para que produzam menos embalagens ou reduzam estes invólucros que acompanham os produtos.

Veículo: Jornal de Santa Catarina.
Edição: 12746.
Editoria: Geral.
Página: 22.
Jornalista: Sarita Gianesini (sarita.gianesini@santa.com.br).