Hospitais: a crise e o SUS

Reunião conjunta das assembleias legislativas de Santa Catarina e do Rio Grande do Sul, em Porto Alegre, com a presença de dirigentes de hospitais e clínicas dos dois estados, resultou em um novo posicionamento para tentar evitar agravamento da crise hospitalar.

A primeira decisão: integrar os presidentes das assembleias legislativas do Brasil para uma audiência com a presidente Dilma Rousseff, enfatizando a urgência de reajuste das tabelas do Sistema Único de Saúde (SUS). Desde 1995, os valores pagos não são reajustados. Estados, municípios e, especialmente, os hospitais filantrópicos estão subsidiando o atendimento.

Segunda: no dia 8 de abril os hospitais filantrópicos vão suspender os atendimentos eletivos. Só funcionarão as emergências.

Terceira deliberação: encaminhamento de pedido ao Congresso para que nenhum novo projeto seja votado sem que a presidente da República autorize o reajuste do SUS.

De acordo com o presidente da Frente Parlamentar da Saúde, deputado José Milton Schafer (PP), o SUS paga hoje por uma consulta médica de clínico geral a irrisória quantia de R$ 5. Um especialista recebe R$ 10. Entre inúmeros dados que revelam a distância entre o custo da assistência e os pagamentos feitos pelo SUS, está o tratamento de Acidente Vascular Cerebral (AVC). Custa, no mínimo, R$ 1.635. O SUS paga R$ 398,83.

É realmente uma vergonha, uma calamidade. Muitos hospitais tem sérios problemas de gestão. Mas na origem da situação crítica e pré-falimentar está no financeiro, na defasagem.

Se há dinheiro sobrando para gastar bilhões de reais em estádios de futebol, deveria haver também para o sistema hospitalar.

Veículo: Jornal de Santa Catarina.
Edição: 12794.
Editoria: Política.
Coluna: Moacir Pereira (moacir.pereira@santa.com.br).
Página: 6.