Por que demora tanto?

BLUMENAU – Diogo Cristofolini embarca no carro diariamente às 6h40min. Sai de Rodeio e encara a BR-470 rumo ao Bairro Victor Konder. No caminho, gasta quase 30 minutos a mais ao desafiar os trevos em Indaial e Blumenau no horário de pico. Chega somente às 7h50min ao trabalho. Ao retornar para a casa, mais um teste de paciência. São outros 30 minutos perdidos nas filas de trânsito lento das 18h, que se formam nos gargalos da rodovia. Além dos dias úteis, o desenvolvedor de sistemas também costuma vir a Blumenau em dois fins de semana por mês. Nos últimos 40 dias, perdeu 31 horas no trânsito da BR-470. Por causa das pistas simples, saturadas há pelo menos duas décadas, Cristofolini gasta a mais o equivalente a um dia e uma madrugada por mês na rodovia. E justamente 40 dias dura a espera desde que o Ibama concedeu a licença de instalação, autorizando o início das obras de duplicação nos trechos entre Gaspar e Indaial, os mais adiantados. Seria o último entrave burocrático para assinar a ordem de serviço da obra, que segue sem data definida.

Somente neste ano, mais da metade das 44 mortes registradas na BR-470 ocorreram nos 73,2 quilômetros que serão duplicados, de Indaial a Navegantes. No mesmo trecho, nos últimos 40 dias, foram oito as vítimas de acidentes.

Ministra da Secretaria de Relações Institucionais da Presidência, Ideli Salvatti argumenta que a greve dos servidores do Departamento Nacional de Infraestrutura de Transportes (Dnit) em todo país é a causa do adiamento da largada das obras. Ideli e o deputado deputado federal Décio Lima articulam um espaço na agenda da presidente Dilma Rousseff para trazê-la ao Vale. Lima se reuniu inclusive com o ministro dos Transportes, César Borges, no final de junho, mas recebeu somente a garantia de que a obra sairá, sem data definida. Caso a presidente não venha, o ministro deve representá-la.

– Semana que vem temos de ter uma definição. Conversei com todos os envolvidos e disseram que estão prontos para mobilizar o canteiro de obras – diz Lima.

Ambos garantem que as consequências dos protestos no país no último mês não são razão pela demora das obras. Somente a greve. Em outros estados, o movimento dos servidores provocou a interrupção de obras. No Dnit de Santa Catarina, a paralisação perdura 21 dias, com revezamento diário de metade da equipe.

Escolha da empresa que duplicará lote 1 foi prorrogada

Os contratos com a empresa Sulcatarinense, que duplicará a rodovia de Gaspar a Indaial, já foram assinados, mas por conta das negociações ainda não foram publicados no Diário Oficial da União, segundo o superintendente do Dnit no Estado, João José dos Santos. A escolha da empresa que duplicará o lote 1, de Navegantes a Indaial, que ocorreria amanhã, também foi prorrogada para o dia 26.

– Algumas questões técnicas estão sendo verificadas, mas a nossa meta ainda é julho. Esperamos que durante a semana venha uma solução para a greve – avalia Santos.

Alheio à burocracia, Cristofolini enfrenta há oito anos o trânsito da rodovia diariamente. E calcula o prejuízo:

– A duplicação da BR-470 reduziria à metade o tempo que gasto diariamente.

Veículo: Jornal de Santa Catarina.
Edição: 12893.
Editoria: Geral.
Página: 12.
Jornalista: Cristian Weiss (cristian.weiss@santa.com.br).