Poderíamos ter dado a ordem de serviço 10 dias atrás

Entrevista: Ideli Salvatti, ministra da Secretaria de Relações Institucionais da Presidência

Ministra da Secretaria de Relações Institucionais da Presidência, Ideli Salvatti argumenta que a greve nacional dos servidores do Departamento Nacional de Infraestrutura de Transportes (Dnit) é a única razão pelo adiamento da assinatura da ordem de serviço da duplicação da BR-470, entre Gaspar e Indaial. Nega que a onda de protestos tenha influenciado. Sem mencionar prazos, a ministra afirma que o desejo da presidente Dilma Rousseff é assinar a ordem de serviço somente quando for possível iniciar as obras.

Jornal de Santa Catarina – A senhora declarou que no dia 17 de junho seria possível assinar a ordem de serviço ao som das máquinas. Nada ocorreu. Por quê?

Ideli Salvatti – A informação é do Dnit. Inclusive porque o assunto está com a possibilidade de entrar na agenda da presidenta e tenho tratado também com o ministro dos Transportes (César Borges). A informação é que está concluído o processo de contratação e o que está inviabilizando neste momento, pelo menos em termos da agenda da presidenta, é a greve do Dnit. Porque assina a ordem de serviço, mas não efetiva a obra. E há uma expectativa de que possa ser resolvido nos próximos dias. A solenidade da assinatura da ordem de serviço pode ser feita a qualquer momento. O problema não é assinar, mas assinar e as máquinas roncarem. É um impedimento não para a assinatura, mas para efetivar o início da obra.

Santa – Diante dessa dificuldade, não é possível, mesmo sem a presença da presidente, assinar a ordem de serviço pelo menos desses primeiros lotes?

Ideli – Não estamos aguardando a agenda da presidenta. A inviabilidade da ordem de serviço e começar efetivamente a obra é a greve. Já poderíamos ter dado a ordem de serviço, pelo menos, uns 10 dias atrás. O que impediu, é que Dilma foi para a Bahia. Semana que vem ela vai ao Paraná e ao Ceará. Então estamos aguardando que equacione esta história da greve para ela poder vir. Ela também colocou como exigência a assinatura e ligar as máquinas.

Santa – O governo vislumbra uma data para a solução dessa greve?

Ideli – Temos acompanhado direto, porque quem faz as tratativas é o Ministério do Planejamento. O problema é o Dnit. Ano passado houve inúmeras paralisações, muitas categorias fecharam acordo no meio do ano. Na reta final, quando a gente estava na iminência de aprovar o orçamento, ainda em dezembro tinha várias categorias que não tinham fechado acordo. E ainda tem essa implicação, porque se houver assinatura de qualquer acordo, ainda tem que fazer modificação na lei de orçamento em vigor.

Santa – E os protestos pelo país, a proposta de reforma política, a queda na popularidade do governo. Esses temas impactaram no processo da BR-470?

Ideli – Não, é só a greve. Não tem nenhum outro impedimento.

Santa – Há rumores sobre sua saída do governo. Há confirmação? Há mais pessoas no primeiro escalão dedicadas à duplicação?

Ideli – Não, a presidenta inclusive lançou nota oficial sobre o assunto, não está nem sequer na pauta a discussão sobre mudança em nenhum ministério. Neste caso, da BR-470, nós estamos monitorando diretamente, pela nossa relação com a busca da solução, o ministro dos Transportes e a ministra Miriam Belchior (do Planejamento) também, por causa da greve.

Veículo: Jornal de Santa Catarina.
Edição: 12893.
Editoria: Geral.
Página: 13.
Jornalista: Cristian Weiss (cristian.weiss@santa.com.br).