FLORIANÓPOLIS – A distribuição de médicos inscritos no programa do governo federal Mais Médicos reflete um problema sério do Brasil que concentra um maior número de profissionais nas capitais e cidades mais desenvolvidas, deixando de lado o interior.
Dados em Santa Catarina não foram diferentes e demonstram a insegurança dos profissionais em trabalhar com estruturas mais precárias. Dos 23 médicos que confirmaram a inscrição no Estado, 20 escolheram a região litorânea.
Das 174 cidades catarinenses inscritas no programa, onde um dos principais critérios era atuar em áreas de difícil acesso e com população em situação de vulnerabilidade, apenas 17 foram contempladas com novos profissionais.
O professor e diretor do Centro de Ciências da UFSC, Sérgio Torres, lembra que a falta de médicos no interior já era uma constante e o resultado das inscrições não foi uma surpresa, mostrou apenas números esperados, por não criar nenhum atributo que despertasse o interesse destes profissionais.
– O maior obstáculo são as condições de trabalho nestes locais. Com a falta de infraestrutura, os médicos se sentem inseguros e por conta disso optam por cidades mais estruturadas – avalia.
Nas cidades pequenas, médicos não querem enfrentar as dificuldades da falta de estrutura básica, como laboratório para exames e equipamentos.
Para especialista, a solução é a vinda de profissionais estrangeiros
A opção do governo em contratar médicos estrangeiros, na falta de profissionais do país, também gerou resistência da categoria.
De acordo com Torres, na Inglaterra 25% dos profissionais são estrangeiros e nos EUA eles correspondem a 20%, enquanto no Brasil temos um índice de 1,5% de médicos estrangeiros.
– Sou favorável à vinda destes profissionais, mas desde que façam a revalidação do diploma – compara Torres.
Veículo: Jornal de Santa Catarina.
Edição: 12914.
Editoria: Geral.
Página: 16.