BLUMENAU – A previsão do tempo chegou cedo e avisou moradores do Vale do Itajaí que a enchente viria. A experiência em tragédias e a precisão da meteorologia, desta vez, ajudaram a população a retirar móveis, sair de casa e salvar vidas mesmo com a indesejável cheia do Rio Itajaí-Açu.
Diferente de 2011, quando o alerta soou 24 horas antes da enchente, a Epagri/Ciram soube da possibilidade de chuvas fortes 10 dias atrás. À medida que a previsão foi se confirmando, a Defesa Civil do Estado foi avisada e tratou de agir. Depois, usou a internet para propagar o alerta, divulgado quarta-feira. Prefeituras da região mantiveram atualizadas páginas no Facebook e o Twitter (leia mais na página 19), facilitando a comunicação com a população.
O coordenador de Meteorologia da Epagri/Ciram, Clóvis Corrêa explica que o planejamento e a organização antecipados auxiliaram na hora da cheia:
– Em 2011, foi muito em cima. Agora, soubemos bem antes e monitoramos detalhadamente. Antes mesmo de avisar a população, acionamos a Defesa Civil para que se preparasse. Logo veio o aviso à sociedade. O que nos ajudou foram as condições do sistema meteorológico, agora diferentes, melhores e mais atualizadas.
Graças a isso, o meteorologista do Grupo RBS Leandro Puchalski alertou telespectadores e seguidores das redes sociais sobre a vinda das fortes chuvas com uma semana de antecedência. Em Blumenau, quem circulou pela Rua XV de Novembro, sábado de manhã, quando o nível do Rio Itajaí-Açu beirava os 6 metros, viu caminhões estacionados. Desta vez, não era para trazer novidades e, sim, para retirar e proteger o que tinha mais valor. Sexta-feira à tarde, comerciantes ressabiados pela desgraça de dois anos atrás esvaziaram lojas do Centro de Rio do Sul. Moradores, como Márcio Roberto Silge, também correram em busca de proteção. Desde 1983, ele tem a casa atingida pela água, no Bairro Laranjeiras. Porém, agora, o prejuízo foi menor. Embora o imóvel continue em área alagada, os móveis estão em um abrigo seguro. Enquanto não pode voltar para o lar, ele é um dos 44 abrigados na Igreja São José. Silge diz que isso só foi possível graças ao alerta da Defesa Civil:
– Eles estão de parabéns, pois sexta-feira fomos alertados. Isso ajuda muito e evita prejuízos maiores.
Segundo o coordenador da Defesa Civil no Alto Vale, James Rides da Silva, desde sexta-feira a população foi alertada sobre a possível enchente:
– Percebemos que, ao contrário de 2011, quando muitos duvidaram, desta vez o pedido foi acatado.
Além de proteger móveis, a antecipação pode ter salvado vidas. O secretário estadual da Defesa Civil, Milton Hobus, conta que o escoamento das barragens (José Boiteux, Taió e Ituporanga) foi feito quinta-feira. A água da chuva só começou a se acumular sexta-feira. A estratégia protegeu cidades, como Taió, e postergou a elevação do rio. Com isso, a marca de 11 metros só foi alcançada em Rio do Sul domingo à noite. Se as barragens não tivessem sido esvaziadas, a marca teria sido alcançada ainda pela manhã.
Veículo: Jornal de Santa Catarina.
Edição: 12953.
Editoria: Geral.
Página: 10.
Jornalista: Raquel Vieira (raquel.vieira@santa.com.br).