Mais Médicos vai à sanção presidencial

 

O Senado aprovou em votação simbólica, o projeto de lei de conversão resultante da Medida Provisória que criou o programa "Mais Médicos", lançado pela presidente Dilma Rousseff em julho, com o objetivo de estimular a atuação desses profissionais no interior do país e em periferias das cidades. O projeto – que permite a atuação no país, por tempo limitado e em município específico, de médicos formados no exterior sem a prévia revalidação do diploma – vai à sanção presidencial.

O líder do PSDB, Aloysio Nunes Ferreira (SP), fez o discurso mais crítico em relação ao programa, que definiu como "medida eleitoral, que se apresenta como galinha dos ovos de ouro para reeleger a presidente Dilma Rousseff".

"Trata-se do mais engenhoso e sofisticado programa de manipulação política de um governo", definiu o senador Cássio Cunha Lima (PSDB-PB). "Ninguém, em sã consciência, num país como o nosso pode se manifestar contra a presença de mais médicos em cidades do interior", afirmou o tucano.

Os senadores mantiveram o texto aprovado na Câmara, que fixa prazo de três anos para que o médico intercambista possa atuar no Brasil sem revalidar o diploma.

A votação foi bem mais tranquila do que na Câmara, onde a proposta enfrentou a resistência de parte da bancada dos médicos e a discussão consumiu mais de onze horas de debate, durante dois dias.

Até o senador Randolfe Rodrigues (PSOL-AP), com atuação mais próxima à oposição, defendeu o programa. "Paremos com a xenofobia. Não só com médicos resolveremos o problema de saúde do país, mas é o primeiro passo." Cristovam Buarque (PDT-DF) disse que, se tivesse de fazer uma crítica ao programa, seria "por que o governo demorou tanto a fazê-lo".

"A presidente Dilma Rousseff teve coragem em lançar um projeto tão polêmico, mas necessário. As vozes que ouvimos hoje contra são muito poucas. E, mesmo contra, vão votar a favor", disse Vanessa Grazziotin (PCdoB-AM). Humberto Costa (PT-PE), ex-ministro da Saúde, considerou "argumentos sofismáticos" algumas críticas ao programa, como a falta de infraestrutura em periferias e cidades do interior. "Um médico com um estestocópio pode resolver muitos problemas de saúde."

Veículo: Jornal Valor Econômico.
Edição: 3365.
Editoria: Política.
Jornalista: Raquel Ulhôa, de Brasília.