A secretária de Educação Continuada do Ministério da Educação, Macaé Evaristo dos Santos, afirmou nesta quarta-feira que é consenso no ministério pensar a integralidade na formação e desenvolvimento integral do ser humano. Segundo ela, não é possível desenvolver plenamente a educação em tempo integral sem políticas setoriais que dialoguem com as áreas de Saúde, Esporte e Assistência Social.
"O debate sobre a educação em tempo integral está inserido na agenda intersetorial do governo", ressaltou a secretária, durante o seminário internacional sobre educação integral, promovido pela Comissão de Educação, da Câmara dos Deputados. "No Brasil é preciso que pensemos como incorporar saberes de diferentes identidades étnicas, como os indígenas e também os ciganos."
Desenvolvimento do estudante
Também na avaliação do presidente da Comissão de Educação, deputado Gabriel Chalita (PMDB-SP), fica cada vez mais claro que a escola em tempo integral é fundamental para o completo desenvolvimento das capacidades do estudante.
Ele acrescentou que o Brasil hoje é um País rico, que caminha para um grande desenvolvimento econômico, mas que isso não se reflete ainda plenamente na educação. Chalita afirma que os 20 países mais bem colocados no exame Pisa têm educação integral.
O Programme for International Student Assessment (Pisa) – Programa Internacional de Avaliação de Estudantes – é uma iniciativa internacional de avaliação comparada, aplicada a estudantes na faixa dos 15 anos, idade em que se pressupõe o término da escolaridade básica obrigatória na maioria dos países.
Envolvimento da comunidade
O 2º secretário da Câmara, deputado Simão Sessim (PP-RJ), que abriu o seminário, afirma que a "educação em tempo integral significa envolver toda a comunidade" onde a escola está inserida. "É preciso inserir as famílias nesse projeto, lhe dando voz e devolvendo o papel que no passado foi transferido à escola. Na medida em que o governo implanta essa política pública, o Brasil mostra o seu compromisso com o futuro mais justo."
Ele ressalta que o PNE, em tramitação no Congresso Nacional, tem o ensino em tempo integral como meta: "Aprendemos com a experiência internacional. Os primeiros passos já foram dados. Os estudantes não devem ser considerados fatores da engrenagem, mas protagonistas da Educação. Mais do que o número de horas, é preciso avaliar a melhora qualitativa da formação do indivíduo. Esta é a função deste seminário."
Múltiplas interpretações
O educador português José Pacheco, idealizador da Escola da Ponte, afirma que a educação em tempo integral suscita múltiplas interpretações. "Nada se clona em educação, pois cada comunidade tem suas características próprias." Ele também destacou a história do projeto Âncora.
Já a educadora Cláudia Valentina Assumpção Galian, da Universidade de São Paulo (USP), ressaltou a importância de que o aumento no tempo da escola deve ser, primeiramente, para atender a população mais pobre.
Segundo ela, o perigo é que a escola se torne um ambiente exclusivamente de acolhimento, o que pode gerar uma desigualdade, pois, enquanto os mais ricos continuam tendo na escola a infraestrutura para a educação, os pobres, nas escolas em tempo integral, têm apenas o acolhimento sem uma educação adequada.
Aluno e professor
"O conceito de escola integral não pode abranger duas escolas", afirma Cláudia. "A escola deve ser integral para o aluno e também para o professor, que pode se aprofundar no método e estabelecer maior vínculo com os estudantes."
Por sua vez, a educadora Cláudia Santos de Medeiros citou a experiência das escolas em tempo integral do Serviço Social do Comércio (Sesc). Na educação infantil, estão em Santa Catarina, Sergipe, Paraíba, Paraná e Rio Grande do Sul. No ensino fundamental, as unidades estão em Pernambuco e Goiás. No ensino médio, em Goiás e Roraima.
Site: Câmara dos Deputados.