O Vale terá mais cinco pontes sobre o rio Itajaí-Açu até 2016, mas os especialistas acreditam que a região precisa de pelo menos mais três. As novas estão em Blumenau (duas), Ilhota, Indaial e Gaspar (uma cada) e serão somadas às 10 estruturas existentes nos 63 quilômetros de rio entre essas quatro cidades. As novas construções representam um acréscimo de 50% às existentes no mesmo trecho e uma redução de 10% no tráfego das atuais travessia.
Mesmo que a proporção impressione, as dúvidas começam na eficiência das novas estruturas para suportar o volume de tráfego que já circula pelas quatro cidades. Hoje, em média, são 321 mil veículos registrados em Indaial, Blumenau, Gaspar e Ilhota, segundo dados do Departamento Estadual de Trânsito (Detran/SC).
Destes, conforme informações das prefeituras, cerca de 20 mil passam todos os dias em cada uma das pontes entre Ilhota e Indaial. Com as cinco novas travessias concluídas, a estimativa é de que essa média de carros que cruzam as pontes todos os dias baixe para 18 mil veículos, uma redução de 10%.
No entanto, não é possível determinar se as novas construções desatarão os nós viários da região. O doutor em Engenharia Estrutural e professor da Universidade do Vale do Itajaí (Univali) Andriei Beber explica que a quantidade ideal de travessias é determinada por estudos que avaliam quais vias têm o tráfego mais crítico e a necessidade de construção da estrutura para que o trânsito continue fluindo.
– A ponte é o objeto que garante a continuidade da via. É óbvio que quanto mais, melhor. Porém, a quantidade não necessariamente seria a solução, mas a qualidade destas construções: em quais locais estarão, o número de pistas que deverão ter, como se ajustarão à malha viária já existente – analisa Beber.
Como exemplo, o especialista cita a Ponte do Tamarindo, que passou a trazer benefícios ao trânsito de Blumenau a partir da construção da Via Expressa com acesso à BR-470.
Outro aspecto importante a ser considerado é o aumento de travessias na região como fator para desenvolver a margem esquerda do Itajaí-Açu, historicamente menos ocupada. O professor de Arquitetura e Urbanismo da Furb e doutor em Planejamento Urbano Luiz Alberto Souza defende as pontes para aproximar pessoas e facilitar trajetos:
– Nessas cidades as pontes são importantes para o desenvolvimento. O rio sempre foi uma barreira e os municípios crescem ao longo de suas margens. Gaspar precisava de mais uma estrutura. Ilhota sempre sofreu por não tê-las. E pelos meus estudos, Blumenau precisa de, no mínimo, mais três.
Os dois especialistas concordam que além de construir novas ligações é preciso pensar o planejamento viário como um todo, considerando outros aspectos da cidade, como opções de transporte coletivo. Além dos especialistas, Secretarias de Planejamento das quatro cidades reconhecem a necessidade de novas pontes sobre o Itajaí-Açu.
Veículo: Jornal de Santa Catarina.
Edição: 13119.
Editoria: Geral.
Página: 10.
Jornalista: Sarita Gianesini (sarita.gianesini@santa.com.br).