A duplicação da BR-470 é uma obra sem cronograma. Quanto tempo durará a execução de cada etapa é uma pergunta que a superintendência do Departamento Nacional de Infraestrutura de Transportes (Dnit) em Santa Catarina não responde.
– Cronograma, não adianta pedir. Nem com ordem judicial. Existe um planejamento dos quatro anos de obras identificando lote por lote com topografia, terraplanagem, retirada de solos moles, mas não é um cronograma de trabalho – garante o assessor de comunicação do Dnit, Breno Maestri.
A promessa do novo superintendente Vissilar Pretto, conforme a assessoria de comunicação, é de que metas e prazos do andamento dos trabalhos sejam anunciados na próxima semana. Há 68 dias o Santa aguarda o Dnit enviar o cronograma de obras. O pedido foi feito através de requerimento baseado na Lei de Acesso à Informação.
Apesar de comunicar que tem um planejamento para cada tipo de serviço, o Dnit não divulga a previsão de cada etapa das obras de duplicação, iniciadas no papel há 10 meses com a assinatura da ordem de serviço para os lotes 3, entre Gaspar e Blumenau, e 4, entre Blumenau e Indaial. Na prática as máquinas apareceram na beira do Km 45, no Belchior, em janeiro deste ano. O mestre em Engenharia Ambiental e professor da Universidade do Vale do Itajaí (Univali), José Nuno Amaral Wendt, defende o cronograma apesar do contrato já definir o prazo limite de 1.440 dias para conclusão da obra na BR-470.
– Esta previsão tem que ser feita mês a mês. É uma maneira de saber se a obra está andando conforme o planejado. A empresa precisa ter essa organização e o Dnit tem que cobrar – argumenta Wendt.
O mestre em Transportes Ricardo Bertin defende o planejamento por outros dois motivos:
– Para avaliar os momentos propícios para executar obras, como os que se relacionam ao clima, e pela questão financeira, para ter um fluxo de pagamentos.
A assessoria de comunicação do Dnit ainda informou que era preciso aguardar a conclusão da campanha para captura, coleta e transporte de material biológico – prevista para a primeira quinzena de maio – e a liberação de áreas desapropriadas para elaborar o cronograma.
O coordenador do Instituto Tecnológico de Transportes e Infraestrutura (ITTI) e professor da Universidade Federal do Paraná (UFPR), Eduardo Ratton, reforça que a etapa ambiental, como a que é executada atualmente na margem da BR-470, pode levar até um ano. Bertin, que também é coordenador adjunto do curso de Engenharia Civil da Pontifícia Universidade Católica do Paraná explica que as questões ambientais podem atrasar o andamento das obras, mas a demora nestes processos deve ser prevista no planejamento total da obra.
– Temos uma maldição que chama-se jeitinho brasileiro. A mania de fazer tudo na última hora e achar que é possível resolver. Não há planejamento: começou a obra, depois se pensou em remover a rede de gás e em fazer a campanha de fauna. Complicações podem acontecer, mas é possível planejar uma obra com início, meio e fim – sentencia Bertin.
Sexta-feira uma reunião no Dnit de Santa Catarina avaliou o andamento das obras de duplicação da BR-470. Participaram da audiência Vissilar Pretto, representantes da Sulcatarinense, da SCGás, o deputado federal Décio Lima e a deputada estadual Ana Paula Lima, que preside o Fórum Parlamentar Permanente para a Duplicação da BR-470. A deputada detalhou que o encontro serviu para cobrar agilidade no andamento das obras. Uma nova reunião nos mesmos moldes foi agendada para 30 de maio.
Veículo: Jornal de Santa Catarina.
Edição: 13136.
Editoria: Geral.
Página: 18.
Jornalista: Sarita Gianesini (sarita.gianesini@santa.com.br).