Jeniffer Mafra Lottin comemorou três anos segunda-feira. No mesmo dia completaram-se três anos que a presidente Dilma Rousseff esteve no Vale do Itajaí e assegurou que a duplicação da BR-470 era uma questão de honra. A menina nascida em 9 de junho de 2011 ainda não consegue segurar o dedo mindinho com o polegar para mostrar a nova idade. E a contar pelos prazos dados e descumpridos, o governo federal não consegue manter a palavra. Foram quatro promessas de duplicação repetidas pela presidente: duas só em 2008, quando Dilma afirmou que a obra seria executada em dois anos.
O fato é que só em 18 de julho de 2013 a duplicação passou de promessa a compromisso assinado: veio a ordem de serviço para duplicar os lotes 3 e 4, entre os quilômetros 44,9, em Gaspar, e 73,2, em Indaial. Mesmo com contrato oficializado, nenhum sinal da duplicação nos meses que seguiram. Jeniffer evoluía e aos poucos firmava os passos, arriscava pequenas corridas. Na creche em que ficava quando a mãe ia ao trabalho a garota aprendeu as cores e as palavras soltas viraram longas frases.
– Eu tenho que pintar agora. Aqui é de azul, dentro do desenho – avisa a menina com giz de cera em punho.
A duplicação só ficou evidente na BR-470 em janeiro deste ano, quando máquinas começaram a remexer a terra no acostamento da rodovia no Belchior, em Gaspar. Com a mãe em casa, a criança deixou de frequentar a creche. Em fevereiro veio a ordem de serviço para duplicar o lote 1, entre Navegantes e Ilhota. No mês seguinte o superintendente do Departamento Nacional de Infraestrutura e Transportes (Dnit) mudou. Aproveitando o tempo em casa, a mãe, Adriane Mafra, 29 anos, começou a ensinar a filha a ficar sem fraldas. Mais independência para a menina. Nada novo para a duplicação.
Em visita ao Estado, presidente focou na BR-280
A festa do aniversário de Jeniffer foi adiantada para o sábado, 7 de junho. Já a obra continua pelas beiradas, espalhada em quatro trechos num intervalo com menos de 10 quilômetros no lote 3. A duplicação sequer tem cronograma. A garotinha encasacada de cor-de-rosa não entende direito quando a mãe tenta explicar quem é Dilma e que a presidente garantiu duplicar a BR-470. Jeniffer reconhece apenas o avô nos retratos que a família mantém na parede da sala. Enevaldo Lottin morreu aos 62 anos, atropelado na rodovia federal em 2002. Ela não compreende como o avô pode estar nas fotos e não estar por perto.
Na véspera da comemoração dos três anos de Jeniffer, Dilma voltou a Santa Catarina. Na passagem por Florianópolis a presidente e pré-candidata à reeleição não mencionou a promessa de duplicar a BR-470. Concentrou-se em novas propostas, incluindo a de obras noutra rodovia federal: a BR-280, no norte do Estado. Desta vez os parabéns são só para Jeniffer, que mora na rua Bernardo Scheidemantel, uma das transversais da rodovia que espera a duplicação. Para a BR-470 fica o desejo de felicidade futura.
Veículo: Jornal de Santa Catarina.
Edição: 13708.
Editoria: Geral.
Página: 12.
Jornalista: Sarita Gianesini (sarita.gianesini@santa.com.br).