Metas para educação até 2024

Gastar o equivalente a 10% do Produto Interno Bruto (PIB) de Santa Catarina na área da educação e melhorar o atendimento em creches são os principais objetivos expostos no texto preliminar do Plano Estadual de Educação (PEE), apresentado pelo governo estadual nesta semana. O documento tem 19 metas previstas para vigorar a partir do próximo ano até 2024. Todas essas obrigações já estão traçadas no Plano Nacional de Educação (PNE), sancionado pela presidente Dilma Rousseff em junho deste ano, mas a Secretaria de Estado de Educação afirma que Santa Catarina está à frente no cumprimento dos pontos.

Pesquisa revelou lacunas

De acordo com a secretária estadual adjunta da Educação e coordenadora do PEE, Elza Moretto, para elaborar o documento, uma equipe de 20 educadores reuniu dados de conferências realizadas em todos os municípios catarinenses entre 2009 e 2013.

O resultado mostra lacunas de aprendizado, por exemplo, para alunos do terceiro ano do ensino fundamental. Apesar de apresentarem notas maiores que a média nacional, apenas 54% dos estudantes catarinenses tiveram bom aprendizado em leitura, 39% em escrita e 49% em matemática.

– O plano é um guia para termos objetivos a curto, médio e longo prazo. Assim será mais fácil melhorar os resultados da educação – diz Elza.

O Estado gasta atualmente menos de 6% do PIB com a educação. Para Elza, a falta de dinheiro é um dos principais obstáculos para se alcançar a cobertura completa no atendimento às crianças de até três anos em creches.

O plano estadual revela que os municípios catarinenses só conseguem oferecer 138 mil vagas em creches, apesar de Santa Catarina ter mais de 320 mil crianças nessa faixa etária, de acordo com o Censo do IBGE de 2010. Esta deficiência no atendimento já resultou em vários processos movidos pelo Ministério Público Estadual nos últimos anos.

– Infelizmente, Estado e municípios não têm espaço físico ou orçamento para atender todas as crianças em creches. Por isso, a nossa meta, que se iguala à nacional, é atender pelo menos 50% das crianças até 2024 – diz Elza.

Ainda em fase preliminar, o texto do Plano Estadual de Educação deve passar pela avaliação interna no governo do Estado, incluindo a aprovação do governador Raimundo Colombo. Depois disso, o texto será encaminhado para a Assembleia Legislativa de Santa Catarina, o que deve ser feito em novembro, segundo a coordenação do PEE.

 

COMPROMISSOS PARA 2024

O Plano Estadual de Educação está organizado em 19 metas. Confira:

1 Universalizar até 2016 a educação infantil na pré-escola para as crianças de quatro a cinco anos de idade e ampliar a oferta de educação infantil em creches de forma a atender no mínimo 50% das crianças de até três anos até 2024.

2 Universalizar o ensino fundamental de nove anos para toda a população de seis a 14 anos e garantir que pelo menos 95% dos estudantes concluam essa etapa na idade recomendada.

3 Universalizar até 2016 o atendimento escolar para toda a população de 15 a 17 anos de idade e elevar, até 2024, a taxa de matrículas no ensino médio para 90%.

4 Universalizar para a população com algum tipo de deficiência de quatro a 17 anos de idade o acesso à educação básica e ao atendimento educacional especializado, preferencialmente na rede regular de ensino, com a garantia de sistema educacional inclusivo, de salas de recursos multifuncionais e serviços especializados.

5 Alfabetizar todas as crianças aos seis anos de idade ou até no máximo aos oito anos de idade no ensino fundamental.

6 Oferecer educação em tempo integral em no mínimo 65% nas escolas públicas, de forma a atender 40% dos estudantes da educação básica.

7 Fomentar a qualidade da educação básica em todas as etapas e modalidades para melhorar a média estadual no Ideb.

8Elevar a escolaridade média da população de 18 a 29 anos de idade, de modo a alcançar no mínimo 12 anos de estudo para as populações do campo, quilombolas, indígenas, comunidades tradicionais e dos 25% mais pobres; igualando também a escolaridade entre negros e não negros declarados ao IBGE.

9 Elevar a taxa de alfabetização da população com 15 anos ou mais de idade para 98% até 2017 e, até o final da vigência do PEE, reduzir em 50% a taxa de analfabetismo funcional.

10 Oferecer no mínimo 10% das matrículas de educação de jovens e adultos, nos ensinos fundamental e médio, na forma integrada à educação profissional, até ao final da vigência do plano.

11 Triplicar as matrículas da educação profissional técnica de nível médio, assegurando a qualidade da oferta e pelo menos 80% da expansão no segmento público.

12 Articular com a União a elevação da taxa bruta de matrícula na educação superior para 55% e a taxa líquida para 40% da população de 18 a 24 anos de idade, assegurada a qualidade da oferta e expansão para pelo menos 40% das novas matrículas nas instituições de ensino superior públicas e comunitárias.

13 Articular com a União a elevação da qualidade da educação superior e ampliar a proporção de mestres e doutores do corpo docente em efetivo exercício no conjunto do sistema de educação superior para 80%, sendo, do total 40% de doutores até 2024.

14 Fomentar, em articulação com a União, a elevação gradual do número de matrículas na pós-graduação stricto sensu, de modo a atingir a titulação anual de 2.400 mestres e 900 doutores.

15Garantir, em regime de colaboração entre União, Estado e municípios, a política de formação inicial e continuada para valorizar os profissionais da educação.

16Formar 75% dos professores de educação básica em nível de pós-graduação até 2024 e garantir a todos os profissionais da educação básica formação continuada em sua área de atuação.

17Valorizar os profissionais do magistério da rede pública de educação básica, assegurando no prazo de dois anos a existência de plano de carreira, assim como a sua reestruturação, que tem como referência o piso nacional.

18Garantir em legislação específica condições para a efetivação da gestão democrática na educação básica.

19Ampliar o investimento público em educação pública para atingir, no mínimo, o patamar de 7% do PIB do Estado no quinto ano de vigência do plano e, no mínimo, o equivalente a 10%do PIB ao final do decênio.

Veículo: Jornal de Santa Catarina.
Edição: 13247.
Editoria: Geral.
Página: 27.