Embora Santa Catarina mantenha uma das melhores avaliações da educação básica no país, o Estado perdeu o primeiro lugar no ranking nacional do ensino médio, trunfo conquistado há dois anos. Dados publicados ontem pelo Ministério da Educação (MEC) mostram ainda que, desde 2011, SC também recuou na avaliação dos últimos anos do ensino fundamental, mas avançou na nota dos primeiros anos.
Os resultados fazem parte do Índice de Desenvolvimento da Educação Básica (Ideb), ferramenta do MEC para avaliar o ensino brasileiro, divulgado ontem. Ao contrário do que aconteceu em 2011, quando Santa Catarina ficou em primeiro lugar nacional em duas das três categorias em que foi avaliada, o Estado só alcançou uma das metas estabelecidas pelo MEC para 2013. Os primeiros anos do ensino fundamental foram bem avaliados, enquanto o ensino médio e os últimos anos do ensino fundamental ficaram abaixo das expectativas do governo federal.
– A principal causa da melhora na nota da educação infantil é a antecipação da alfabetização, que agora acontece aos seis anos, e não aos sete – explica o secretário da Educação, Eduardo Deschamps.
O governo estadual credita a redução da nota no ensino médio e nas séries finais do ensino fundamental à extinção da formação continuada (também chamada de "aprovação automática"), que ocorreu em julho do ano passado. Segundo a Secretaria de Educação, como o Ideb é calculado em cima das taxas de aprovação, é compreensível que a nota acompanhe a queda dos índices de presença.
Governo Estadual avalia queda
A pasta divulgou que 20% dos estudantes do ensino médio que passaram pela formação continuada apresentam dificuldades de aprendizado.
– Não eram poucos os pais que reclamavam do baixo aprendizado de seus filhos – justifica Deschamps.
As notas da Avaliação Nacional do Rendimento Escolar e da Avaliação da Educação Básica – também podem ter influenciado no Ibed 2013 catarinense. O exame avalia estudantes do ensino fundamental em Matemática e Língua Portuguesa, e o outro, ensino médio.
Coordenador de projetos da Fundação Lemann – voltada ao desenvolvimento da educação brasileira -, Ernesto Martins Faria explica que, como não foram divulgados os dados de assiduidade e notas dos exames, é difícil precisar o que levou à queda no Ibed catarinense. Para ele, o fim da formação continuada pode alterar os resultados, mas não pode ser a única causa.
– Existem lugares onde não há formação continuada, mas pouquíssimos estudantes são reprovados. O problema é aprová-los de qualquer maneira.
O QUE É ESSE ÍNDICE?
– O Ideb, divulgado a cada dois anos, é calculado com base no desempenho dos estudantes em avaliações de Português e Matemática e no rendimento escolar: taxas de aprovação, reprovação e abandono da escola.
– Por isso, para ter uma avaliação melhor no Ideb, é preciso que o aluno aprenda, não repita o ano e frequente a sala de aula.
– O índice varia em uma escala de 0 a 10. A meta é que, até 2022, o país consiga atingir a média 6, semelhante a de países desenvolvidos.
– Os dados de aprovação, reprovação e abandono escolar são declarados pelas escolas todos os anos ao Censo Escolar.
– A partir dos resultados, os governos podem acompanhar o desenvolvimento das escolas e estabelecer metas para Estados e municípios e decidir onde investir.
Veículo: Jornal de Santa Catarina.
Edição: 13250.
Página: 4.
Jornalista: Gabriel Rosa.