Mais lares improvisados

GASPAR – Sentado ao lado de uma das 70 casas do loteamento da Margem Esquerda, doadas pela embaixada da Arábia Saudita em 2009, próximo à BR-470, numa tarde ensolarada de sexta-feira, Augusto Galberto Vieira fazia planos de como seria o jardim. Ele e a esposa, Maria Tereza, arrumavam os últimos detalhes da mudança para o local, que ocorreu sábado. A família Vieira, assim como cerca de outras 20, não quis esperar pela inauguração do loteamento. A maioria das casas já tem água e luz instalados. Porém, cada morador deu um jeito de providenciar o esgoto.

– Vou fazer um sumidouro ao lado da casa. Não deu mais para esperar. Onde a gente morava estava muito perigoso – comenta.

O imóvel onde os Vieira moravam, no Bairro Poço Grande, foi condenado pela Defesa Civil depois da catástrofe de 2008. De lá para cá, ele aguardava a inauguração do loteamento. Como não há prazo para isso ocorrer, o casal decidiu se mudar assim mesmo.

Loreci Dias já está morando no local há um mês. Sobre a água que corria em um buraco ao lado da casa e seguia em direção à rua, justificou ser da máquina de lavar roupas.

– Meu marido instalou duas fossas lá atrás. Assim dá para usar o banheiro – explica.

Todos os moradores já receberam as chaves da casa, que tem 36 metros quadrados divididos em dois quartos, sala e cozinha e banheiro. A princípio, a prefeitura fez isso para que as famílias cuidassem do lugar para evitar invasões. Para liberar o loteamento, o município precisa pavimentar as ruas e implantar tratamento de esgoto e drenagem pluvial.

– Estamos aguardando a liberação de R$ 2 milhões de um financiamento da Caixa Econômica Federal para fazer isso. Já fizemos as alterações solicitadas e acredito que, em breve, o dinheiro seja entregue – informa o diretor de Habitação da Secretaria de Planejamento Urbano de Gaspar, Heriberto Kuntz.

Município estuda bancar as obras com recursos próprios

O diretor comenta ainda que não pode impedir que as famílias entrem no local, mas que o pedido da prefeitura é para que não façam isso. Caso a liberação do projeto não aconteça em breve, o município estuda a possibilidade de bancar as obras com recursos próprios.

A construção do loteamento se estende desde a primeira quinzena de agosto de 2010, porque a doação dos árabes se restringiu à compra dos equipamentos, à mão de obra e à instalação das casas sobre o terreno doado pela Defesa Civil estadual.

As famílias que receberam as casas moravam nos bairros Belchior, Margem Esquerda e Sertão Verde, atingidos pela catástrofe de 2008. 

Veículo: Jornal de Santa Catarina
Edição: 12445
Editoria: Política
Página: 12

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