Não há compensação que o governo federal possa oferecer que elimine o impacto da unificação da alíquota de ICMS para Santa Catarina.
Esta é a avaliação de Natanael de Souza, presidente do First Group, maior trading (empresa de comércio exterior) no Estado, com movimentação de 7,5 mil contêineres ou R$ 1 bilhão em 2011.
Cidades como Itajaí, Navegantes, São Francisco do Sul e Imbituba, que cresceram na última década impulsionadas pelo avanço de seus portos, sofreriam um retrocesso, avalia Souza. A cadeia produtiva no entorno dos terminais, que empregam 37 mil pessoas, seria afetada, com a migração de empresas de comércio exterior para São Paulo e Rio de Janeiro.
– As empresas que hoje têm clientes fora do Estado e importam por SC terão os seus negócios afetados. Quem veio de SP ou do RJ nos últimos anos, por causa dos incentivos fiscais, vai perder até 80% de suas movimentações aqui. Elas não tem como segurar os clientes e devem migrar de volta – diz Souza.
Incluído no Pró-emprego, o programa de incentivos fiscais catarinense, o First Group projeta que suas importações por SC diminuam até 70% se a alíquota unificada de ICMS for aprovada. A explicação é que mais de 60% de seus clientes estão nas regiões Sudeste e Centro-Oeste. Se o imposto for o mesmo em todo o país, essas empresas escolherão importar de locais mais próximos, reduzindo custos de transporte.
– Não vamos encerrar as nossas operações em SC, mas vamos operar também onde os clientes quiserem. A estrutura portuária de SC ficará um pouco ociosa – projeta Souza.
O coordenador de estudos do Instituto Brasileiro de Planejamento Tributário (IBPT), Gilberto Luiz do Amaral, prevê que as empresas de comércio exterior que abriram filiais em SC nos últimos anos sem investir em infraestrutura, como centros de distribuição, devem retornar para os estados de origem.
Data: 21 de março de 2012
Veículo: Jornal de Santa Catarina
Edição: 12483
Editoria: Política
Página: 4
Jornalista: Alessandra Ogeda