A nova geração de prefeitos mostra uma participação recorde de empresários, que praticamente dobrou nas três últimas eleições: era de 6,8%, aumentou para 8,8% e agora subiu para 12,2%. No sobe e desce das profissões dos vitoriosos nas urnas, também houve um aumento no número de administradores, servidores municipais, estaduais e federais, deputados, vereadores e professores de ensino fundamental. Por outro lado, a nova leva de eleitos reforça a tendência de queda na participação de médicos, agricultores e comerciantes. Os médicos, que representavam a segunda categoria profissional, em 2000, com 8,5%, agora ocupam a quinta colocação, com 4,6%.
O Estado onde haverá a maior presença de empresários nas prefeituras (24,8%) é o Mato Grosso. É o único – ao lado do Ceará (15,2%) – em que a categoria lidera à frente de todas as outras ocupações. No Estado, por sinal, venceram os dois candidatos mais ricos destas eleições. Em Cuiabá, o eleito foi o mais abastado entre os que competiram nas capitais: Mauro Mendes (PSB), dono da Bimetal, uma das maiores fabricantes de torres de comunicação do país, cujo patrimônio declarado é de R$ 116,8 milhões. No pequeno município de Lucas do Rio Verde, Otaviano Pivetta (PDT) voltará à prefeitura depois de declarar ao TSE o maior patrimônio entre todos os que competiram neste ano: R$ 321 milhões. Em 2010, os dois empresários concorreram mas foram derrotados ao governo do Estado, numa chapa que tinha Pivetta como vice.
Outro nome que simboliza a transferência dos empresários para o mundo da política é Carlos Amastha (PP).
Quarto candidato mais rico nas capitais, Amastha, assim como Mendes, exercerá pela primeira vez um cargo eletivo. De origem colombiana, ele é dono de uma rede de shopping centers e esteve à frente, com sua empresa Eadcon, do que já chamou de "maior projeto de educação a distância do mundo". Por meio de uma parceria com a Fundação Universidade do Tocantins (Unitins), o projeto envolveu mais de 90 mil estudantes no Estado e fora dele, mas teve polos presenciais fechados pelo Ministério da Educação por não atender às exigências de qualidade. O MEC identificou problemas na formação dos tutores, a falta de laboratórios e a precariedade de bibliotecas.
A desativação atingiu também a Unopar – a mesma pela qual se formou o prefeito eleito de Cunhataí, Marcos Antônio Theisen, recordista no quesito ganho de escolaridade.
Veículo: Jornal Valor Econômico.
Edição: 3136.
Editoria: Política.
Página: A9.
Jornalista: Cristian Klein, de São Paulo.