Prefiro a hipótese de um complexo penitenciário

Entrevista: Leandro Soares Lima, diretor do Deap

Um dia depois do secretário de Desenvolvimento Regional de Blumenau, Lúcio César Botelho, afirmar que o Estado trabalha com a possibilidade de construir uma nova unidade prisional onde fica atualmente o Presídio Regional de Blumenau, o diretor do Departamento de Administração Prisional (Deap) de Santa Catarina, Leandro Soares Lima, confirmou a hipótese, mas informou que a primeira opção é construir um complexo penitenciário em outro local. Em entrevista ao Santa por telefone, Lima disse que pretende conversar com os prefeitos da região na intenção de que eles formem um consórcio e comprem a área que receberá a estrutura.

Santa – O Deap veio duas vezes a Blumenau em 2012 para discutir com os prefeitos a área que abrigará a penitenciária. Agora, o secretário de Desenvolvimento Regional fala em construí-la no terreno do Presídio Regional, que tem menos de um terço dos 50 mil metros quadrados que vocês desejam. O Estado desistiu da penitenciária?

Leandro Soares Lima – A nossa proposta é a mesma que apresentamos na reunião com a Associação Empresarial de Blumenau (Acib), em setembro do ano passado, em que o ex-prefeito João Paulo Kleinübing representava os municípios. Queremos que os municípios se consorciem para comprar o terreno onde vamos construir o complexo penitenciário. Não havendo essa possibilidade, temos um terreno grande onde está o atual presídio. Para construir lá, teremos que desativá-lo e partir para uma reformulação nos moldes de presídio industrial. Isso que o secretário regional disse é verdade, mas vamos continuar na intenção de convencer os municípios a se consorciarem. Em Itajaí, fizemos algo assim e a experiência é muito positiva.

Santa – Mas o espaço atual é menor. Teria área para fazer o que o Deap quer, a penitenciária?

Lima – A ideia seria reformular o projeto e fazer uma penitenciária pequena. Mas o que queremos e o que informei ao pessoal é um complexo penitenciário, que otimiza recursos e é um negócio moderno.

Santa – Construir no terreno do atual presídio não seria fazer mais um "puxadinho" na estrutura?

Lima – A ideia não é fazer "puxadinho". É reorganizar o terreno. O ideal seria que fizéssemos um complexo, e não essa mudança. Até porque, se construíssemos em outro lugar, poderíamos derrubar o atual presídio e construir ali um complexo feminino.

Santa – O Deap vai procurar os prefeitos para retomar a discussão?

Lima – Vamos retomar o contato com o secretário regional e fazer uma campanha de esclarecimento para a possibilidade de instalação do complexo penitenciário na região. Entendemos que, no período em que discutimos o assunto no ano passado (fim do mandato dos prefeitos), o diálogo ficou prejudicado e agora temos que retomar. O ano começou turbulento para a gente aqui no Deap, mas as coisas estão melhorando e vamos logo procurar os prefeitos para a nova discussão.

Santa – Já há projeto definido para a penitenciária?

Lima – Os projetos de complexos penitenciários são modulares. Além de modulares, são adaptáveis. Se precisássemos montar um hoje, seria nos mesmos moldes do complexo de Itajaí (Canhanduba), respeitando a quantidade de detentos.

Santa – Mas se for no lugar do atual presídio terá de ser menor do que o projetado inicialmente, certo?

Lima – Aí não poderemos fazer um complexo. Teria de ser um presídio.

Santa – Seria uma frustração abrir mão da penitenciária?

Lima – Sim. Eu prefiro trabalhar com a hipótese de construir um complexo.

Santa – Tem prazo para a construção?

Lima – Queremos começar a construir no primeiro semestre de 2014.

Santa – Para o Deap, a região tem alguma cidade ideal para receber a unidade?

Lima – Não. Por isso pedimos aos prefeitos que nos indiquem a área ideal.

Veículo: Jornal de Santa Catarina.
Edição: 12769.
Editoria: Segurança.
Página: 13.
Jornalista: Ânderson Silva (anderson.silva@santa.com.br).