Mudanças na saúde para diminuir ambulancioterapia

Atacar a ambulancioterapia – quando um doente precisa viajar para outra cidade para receber tratamento – é uma das frentes do plano estratégico de gestão que será anunciado na manhã de hoje pelo governador Raimundo Colombo (PSD).

O pacote prevê R$ 0,30 por habitante para permitir que cada região catarinense seja capaz de realizar exames de média complexidade em 10 especialidades. A medida também pretende diminuir o tempo de espera e a demanda reprimida. Os recursos serão distribuídos conforme a população apontada pelo IBGE no Censo de 2010.

O pacote é composto por três medidas provisórias, sendo uma o combate à ambulancioterapia. As outras duas são profissionalização da saúde – com remuneração variável conforme a produtividade e o cumprimento de meta – e a criação de uma central de regulação planejada para melhorar a utilização de leitos e mão de obra. Leia também na coluna de Moacir Pereira, página 12.

A expectativa é de que o conjunto destas iniciativas atenue a ambulancioterapia. Para este problema específico, serão repartidos R$ 1,87 milhão entre as regiões levando em consideração os dados do Censo de 2010.

Os recursos serão usados para contratar profissionais para as cidades com mais potencial de atender pacientes das 10 especialidades e também para fazer parcerias com clínicas locais para evitar deslocamentos.

O governo estadual acredita que além de diminuir as viagens de pessoas doentes, a medida tenha impacto na redução do tempo de espera por consultas e alivie a demanda reprimida. Este último item será reforçado com a criação de um mutirão para cirurgias.

Para preparar o plano estratégico de gestão o governo contratou a consultoria internacional Roland Berger que realizou um levantamento nos 14 hospitais administrados pelo Estado.

As medidas de combate à ambulancioterapia serão completadas pelas propostas anunciadas no Pacto da Saúde, que prevê a construção de 10 policlínicas em diferentes regiões de Santa Catarina.

Remuneração por metas cumpridas
– O diretor dos hospitais terá uma remuneração fixa e bônus conforme atingimento de metas podendo receber salário mensal de R$ 15 mil, o teto do funcionalismo.
– O administrador precisa ter dedicação exclusiva e não precisa ser formado em Medicina. Hoje há casos de médicos se revezarem entre o cargo e um consultório próprio.
– É um diferencial que o candidato à direção tenha formação em Administração Hospitalar.
– Os parâmetros para o desempenho e consequente bônus são utilizar recursos humanos, a infraestrutura, o resultado financeiro e técnico do hospital e a satisfação do cliente.
– Os médicos receberão por produtividade, e as metas serão de atendimentos, exames e consultas.
– O controle será feito por um banco de dados que alimentará um sistema.
Central de regulação
– Serão criados oito centros que atuarão na administração do sistema remanejando os pacientes conforme a necessidade e a existência de vagas.
– Um exemplo prático é a ordem de execução de cirurgias. Hoje a lista fica a cargo dos médicos, e os pacientes que consultam com os mais produtivos têm vantagem.
– Com a mudança a central vai cuidar da fila que deixará o sistema mais ágil e justo.
– O sistema também vai gerir as vagas em hospitais que trabalharão de forma integrada.
– Atualmente, uma pessoa submetida a tratamento de alta complexidade continua na unidade durante o tratamento. Com a mudança, a recuperação ocorre em outro hospital liberando vagas para doentes graves.
– Os centros de regulação ficarão em Lages, Joinville, Chapecó, Blumenau, Florianópolis, Criciúma, Joaçaba e Balneário Camboriú.

Veículo: Jornal Diário Catarinense.
Editoria: Geral.
Jornalista: Felipe Pereira (felipe.pereira@diario.com.br).