As experiências em eventos climáticos que trouxeram sérios danos para Santa Catarina, como em 2008 e 2011 – quando ocorreram duas enchentes marcantes -, forçaram o Estado a rever a forma com que trata previsões do tempo. Principalmente quando elas apontam quantidades de chuva acima do normal ou fenômenos que possam trazer novas enchentes.
Mostra disso é a atual preocupação da Defesa Civil estadual com a possível atuação do El Niño nos próximos meses na região. O fenômeno ocorre a partir do aquecimento das águas do Oceano Pacífico Equatorial, que acontece por três meses consecutivos. Quando configurado, em Santa Catarina ele aumenta os volumes de chuva. Como a próxima estação tradicionalmente apresenta períodos mais chuvosos nas cidades catarinenses, a atenção fica ainda maior.
Há 10 anos, antes das ocorrências que despertaram o Estado para uma nova realidade, o El Niño existia e só era acompanhado quando começava a mudar o clima na região, como explica o diretor de Resposta a Desastres de Santa Catarina e sargento do Corpo de Bombeiros, James Rides da Silva. Com o aprendizado forçado, a realidade hoje é bem diferente:
– Estamos monitorando há dois, três meses e acompanhando o deslocamento, desencadeando palestras e seminários para as pessoas que cuidam da Defesa Civil nos municípios para difundir a informação – ressalta Silva.
No começo de agosto, o Estado promoverá um seminário com a presença de representantes da Defesa Civil dos municípios catarinenses e do Rio Grande do Sul, Paraná e São Paulo para tratar da perspectiva do El Niño. A intenção, segundo o gerente de Monitoramento e Alerta da Defesa Civil, Frederico Rudorff, é planejar ações a partir da confirmação da ocorrência do fenômeno.
– É muito cedo para afirmar qual é a previsão de intensidade e possíveis impactos do El Niño. Mas pretendemos debater de forma aprofundada ações para esses possíveis impactos – resumiu o diretor.
De acordo com a técnica em meteorologia do Grupo RBS, Bianca Souza, o El Niño tem 70% de chances de se configurar ainda neste inverno e 80% entre primavera e verão no Estado:
– Neste momento, como não há El Niño ainda, não podemos dizer qual a sua intensidade, o que é importante pra saber o quanto ele irá influenciar o clima em Santa Catarina.
Os volumes de chuva, conforme a Defesa Civil, podem aumentar de 20% a 50% caso ocorra o fenômeno. A última vez que ele ocorreu em SC foi em 2009. Entre julho e dezembro daquele ano, apenas dois meses tiveram volumes normais de chuva.
Veículo: Jornal de Santa Catarina.
Edição: 13202.
Editoria: Geral.
Página: 14.
Jornalista: Ânderson Silva (anderson.silva@santa.com.br).