Crise mundial interfere na arrecadação das administrações municipais

A crise financeira mundial advinda da especulação e associada a "ciranda financeira" abalará, de certa forma, os investimentos públicos, especialmente das prefeituras. O segmento têxtil – forte na região da AMMVI – será também fortemente abalado em virtude do maior custo em seus resultados, e do aumento do dólar em relação ao real.

Os produtos importados ficaram mais caros, aliado ao aumento da taxa de importação, cujos valores ainda serão repassados ao mercado consumidor. Isso deverá repercutir em um decréscimo do lucro bruto das empresas e, conseqüentemente, na diminuição do montante do valor adicionado destas.

O impacto nos últimos cinco meses decorrente da crise mundial, que deverá se arrastar por mais um bom tempo, já é o bastante para fazer sentir seus efeitos. Na parte financeira, os municípios sentirão as implicações da crise precisamente em 2010, uma vez que os dados de 2008 serão compilados em 2009.

O fato é que os municípios deverão ter cautela quanto aos gastos públicos, principalmente no que diz respeito às grandes quantias, pois nesta fase atual já estariam bancando os custos de tais investimentos. 

Um exemplo disto pode ser observado em um saco de cimento: atualmente o município estaria pagando a uma empreiteira o valor de R$ 15, 00. Em 2010, neste mesmo saco de cimento a prefeitura só terá 11 reais em caixa para pagar. Ou seja, terá menos dinheiro para pagar.

É imprevisível uma diminuição de preços no mercado, pois este fator está aliado à carga tributária, aos estoques existentes, e ao custo operacional, formando uma cadeia de custos. Para a diminuição nos preços seria necessário que todos reduzissem o valor cobrado, inclusive o Governo, o que é difícil de ser concretizado. Provavelmente serão encontrados mecanismos que dispersem um pouco da crise. Inovação e outras formas de mercado serão o fator fundamental na normalização da crise financeira mundial.

Célio Francisco Simão
Economista da AMMVI
economia@ammvi.org.br

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