Esse cartão, que inicialmente só era desenhado a partir de pinturas, atualmente parte de outras manifestações visuais como fotografias, colagens e desenhos computadorizados. Nessa exposição a ideia é mostrar o diálogo que acontece entre os desenhos de Luis Costa, sua adaptação para o cartão e o resultado das tapeçarias confeccionadas a partir deles. A mostra fica aberta à visitação pública até 11 de dezembro, de terça a sexta-feira, das 9 às 17 horas, e aos sábados, domingos e feriados, das 10 às 16 horas. O Museu de Hábitos e Costumes fica na Rua Alwin Schrader, esquina com a Rua XV de Novembro.
Algumas decisões acontecem no ato de tecer, mas o cartão representa praticamente toda criação que é planejada antecipadamente. Em depoimentos de tapeceiros contemporâneos, tanto na Europa como nos Estados Unidos, cada qual usa um método que melhor lhe convém, colorindo ou não o cartão, mas todos assumem partir dele. Ao trabalhar com a fatura de tapeçarias, percebe-se uma forma de linguagem e expressão que promove uma relação entre o tapeceiro e o espectador. Entende-se que o caminho para a realização do processo criativo passa pelo conhecimento técnico através da tradução do cartão, podendo fazer do tapeceiro o sujeito criador.
Diante de uma tapeçaria é difícil o espectador que não pensa na mão do tapeceiro, a mão às vezes anônima que teceu, por exemplo, as seis tapeçarias A Dama e o Unicórnio. Por outro lado é difícil o espectador que na contemporaneidade não se impressione com o tempo de execução das tapeçarias. Segundo Archie Brennan, também tapeceiro, não é que o tecer seja lento, mas a vida é que passa apressada.
Sendo assim essa exposição pretende contemplar essa manifestação artística tão pouco divulgada no Brasil, mas muito difundida em vários outros países das Américas, da Europa, Ásia e Oriente Médio.
A exposição tem como objetivo principal apresentar o diálogo que acontece entre a fonte – que nesse caso são desenhos (acrílico sobre papel), sua tradução para um cartão e deste para uma tapeçaria.
Objetivos específicos:
Inicialmente perceber que a partir de uma mesma fonte temos quatro interpretações em quatro mini-têxteis usando materiais e técnicas distintas.
Num segundo momento, observar as características, peculiaridades e as contribuições de cada tapeceiro na confecção dos cartões e suas respectivas tapeçarias, usando materiais variados e técnicas apropriadas para contemplar o cartão e enaltecer a tapeçaria.
Num terceiro momento, observar como a escolha dos materiais e técnicas na fatura das tapeçarias produz diálogos distintos entre a fonte e a tapeçaria.
Essa exposição coletiva tem como integrantes quatro tapeceiras: Andréia Peixoto, Elke Hülse, Marize Didoné e Patrícia Simões Pires, que se denominam "As Catarinas". A tapeceira Elke Hülse responde pelo grupo. As tapeçarias, por elas tramadas e seus respectivos cartões, foram desenhadas a partir de desenhos (acrílico sobre papel) do também tecelão Luís Costa. Reunir esta constelação de imagens em uma exposição para contemplar justamente o diálogo entre essas duas manifestações artísticas é o objetivo. Explorar recursos técnicos ou utilizar materiais não convencionais na tapeçaria, traduzindo pinceladas ou outras características dos desenhos, são desafios para estas tapeceiras.
Esta teia de afinidades entre os desenhos e as tapeçarias acontece por uma dramaturgia do olhar que desvela as obras, mas não o mistério; onde os materiais e a técnica é que dão corpo à textura, estimulando o sentido háptico, característica peculiar da tapeçaria. Cada qual com sua poética e prática artística peculiar, ambos, desenho e tapeçaria, em um diálogo enaltecendo a luz, as cores, as texturas e as técnicas.
1ª. Série
Um Painel (0,35cm x 0,70cm) ampliação do desenho de Luís Costa e sobre este estão fixados quatro suportes que sustentam os quatro mini-têxteis, Diálogo 1, 2, 3 e 4; estes quatro mini-têxteis são quatro leituras a partir deste mesmo desenho, confeccionados pelas quatro tapeceiras: Andreia, Elke, Marize e Patrícia. Cada qual desenvolveu seu cartão e confeccionou sua tapeçaria, usando materiais e técnicas bem variadas. Tamanho máximo de cada mini-têxtil 0.25 x 0.25cm.
2ª. Série
As tapeçarias, Diálogo 5, 6 e 7, de Andreia Peixoto, também partem de cartões desenhados pela tapeceira a partir dos desenhos de Luís Costa. Tamanho destas tapeçarias, 0.30 x 0.45cm. Na fatura destas tapeçarias, Andreia enfatiza, através da mistura de cabos de diferentes tonalidades – também denominado de chiné, o efeito visual da pincelada característica nos desenhos de Luís Costa. O diálogo entre essas diferentes linguagens requer um estudo muito minucioso por parte do tapeceiro para, num primeiro momento, ser o mais fiel possível à fonte que deu origem ao cartão; e num segundo momento valorizar e tirar proveito das muitas possibilidades que o processo técnico da tapeçaria oferece e assim usar de maneira a favorecer sua confecção. Conhecer o material, sua textura, seu brilho, suas possibilidades de elasticidade e cores são fatores importantes que podem favorecer o resultado final. A tapeçaria é uma atividade manual com limitações reais, um sistema de coordenadas composto pela urdidura e trama onde a precisão é o alvo do tapeceiro. Jean Pierre Larochette, tapeceiro nos USA, considera essa a obsessão do olhar de todo aquele que utiliza a retícula que compõe a tapeçaria, como sustentação para sua obra. Normalmente esse processo não é divulgado, e o interesse todo é focado sobre o produto final, mas a fatura faz parte deste todo. Pesquisar a história, perceber o processo e poder apreciar a obra ajuda a manter vivas as peculiaridades da tapeçaria. Saber que o processo pode ser exaustivo, repetitivo, entre outras qualidades, pode aproximar e envolver o espectador.
3ª. Série
As tapeçarias, Diálogo 8, 9 10 e 11, de Elke Hülse, também partem de cartões traduzidos dos desenhos de Luís Costa. Tamanho destas tapeçarias, 0.45 x 0.58cm. O desenho do cartão é quem determina qual o tipo de urdidura a ser usado e quais os materiais compatíveis para a trama. Ao explorar em cada uma destas tapeçarias, materiais distintos e alguns não convencionais, a tapeceira reforça sua contribuição na leitura da fonte e na tradução de uma linguagem para outra. A tapeçaria Diálogo 8 foi confeccionada em lã de carneiro, Diálogo 9 com linha de algodão mercerizada e fios sintéticos; Diálogo 10 foi confeccionada misturando cabos de fio de algodão com fio pet; Diálogo 11 com fios de algodão e retalhos de tecidos cortados em tiras. Nestas quatro obras o desenho de Luiís Costa aparece reduzido e copiado, para integrar o corpo da tapeçaria em lugar de sua assinatura. Essa série poderá ser apresentada em forma de móbile, possibilitando ao espectador andar em volta delas e ver tanto a frente como o avesso das tapeçarias. Para seleção optou-se em fixá-las na parede para melhor apreciação.
4ª. Série
As tapeçarias Diálogo 12 e 13, confeccionadas por Patrícia Simões Pires, exaltam a textura das pinceladas usando misturas de cabos de diferentes tonalidades na fatura das tapeçarias. Tamanho Diálogo 12: 0.30 x 0.41cm. Tamanho Diálogo 13: 0.14 x 0.22cm. A tapeçaria Diálogo 14, confeccionada por Marize Didoné, utiliza a textura de materiais diversos na tradução do desenho para a tapeçaria. Tamanho 0.30 x 0.45cm. A tapeçaria Diálogo 15, confeccionada por Andréia Peixoto, utiliza materiais não convencionais para a técnica da tapeçaria, exaltando formas, cores e texturas. Tamanho 0.30 x 0.45cm. A tapeçaria Diálogo 16, confeccionada por Elke Hülse, utiliza retalhos de tecidos juntamente com fios industrializados na trama. Essas diferentes texturas usadas nessa tapeçaria exaltam a pincelada tão marcante no desenho de Luís Costa. Tamanho 0.75 x 1.0cm. Nessa obra o desenho de Luís Costa aparece reduzido e copiado, para integrar o corpo da tapeçaria em lugar de sua assinatura.
Assessoria de Comunicação da Prefeitura de Blumenau
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