Tragédia se multiplica

FLORIANÓPOLIS – O número de mortes em decorrência das chuvas aproxima-se do dobro registrado em 1983 (49), na histórica enchente de Blumenau; e da metade do número da inundação de Tubarão, ocorrida em 1974, quando 199 pessoas morreram. No quinto dia da pior enchente de Santa Catarina dos últimos 24 anos, a Defesa Civil confirmou 97 mortes, 19 desaparecidos e 63,9 mil pessoas isoladas nos municípios de São Bonifácio, São João Batista, Rio dos Cedros, Garuva, Itapoá e Benedito Novo.

Ontem, a chuva diminuiu e o sol apareceu entre nuvens em alguns pontos da região Leste do Estado, permitindo que bombeiros, policiais e voluntários trabalhassem com mais agilidade nas buscas, no atendimentos dos 78.656 desalojados e desabrigados e nos 52 pontos das 21 rodovias que apresentam problemas.

O subtenente Edemilson Irineu Corrêa, chefe do centro de operações da Defesa Civil, disse que o número de novas ocorrência de desabrigados vem diminuindo. A quantidade de pessoas que perderam a vida, porém, deve continuar aumentando conforme os bombeiros têm acesso a regiões até então ilhadas. Desde domingo, Corrêa trabalha 48 horas sem parar e descansa por um período de seis horas.

Restam 74 mil imóveis sem luz

Prefeitos de nove municípios (Gaspar, Rio dos Cedros, Nova Trento, Camboriú, Benedito Novo, Pomerode, Luís Alves, Itajaí e Rodeio) decretaram estado de calamidade pública. Luís Alves, que permaneceu quatro dias isolada, voltou a ter acesso por terra ontem. A rede de energia elétrica no local também está sendo restabelecida. Até as 17h de ontem, 25% dos imóveis da cidade estavam com luz. Em todo o Estado, restam 74 mil unidades consumidores no escuro – no domingo eram 210 mil.

Na noite de ontem, eram 27,4 mil desabrigados (pessoas em abrigos provisórios da prefeitura ou da Defesa Civil) e 51,2 mil desalojados (pessoas na casa de vizinhos ou parentes). Em Itajaí, 41 mil pessoas precisaram deixar suas casas. Não há água nem comida suficiente para todos os desabrigados. Saques a supermercados ainda ocorriam na tarde de ontem.

A Secretaria de Estado da Saúde orientou a população a beber água de piscinas cloradas após fervê-la por 10 minutos. Remédios também faltam nos locais atingidos pelo desastre natural. Também em Itajaí, duas farmácias foram saqueadas. O governo federal disponibilizou 10 toneladas de medicamentos para os necessitados.

Os trabalhos nas rodovias danificadas estão avançando. Mesmo assim, 13 pontos das estradas que cortam o Estado continuam completamente bloqueados. A interdição da BR-101, em Palhoça, Balneário Camboriú e Garuva, triplicou o movimento na BR-116, na Serra Catarinense. A SC-401, que liga o Centro de Florianópolis ao Norte da Ilha, não deve ser liberada em menos de 20 dias.

Veículo: Jornal de Santa Catarina.
Edição: 11480.
Editoria: Geral.