Um distrito isolado

Moradores da região mais populosa de Blumenau enfrentam quedas de barreira, falta de energia elétrica e de comunicação com o resto da cidade.

Depois de passar o final da tarde e a noite de domingo e a madrugada de ontem isolado das outras áreas de Blumenau, o Distrito do Garcia amanheceu ontem em meio à destruição e à dor.

O desespero de famílias inteiras, cujas casas se localizavam em áreas de risco, só crescia com a desolação causada por ruas interditadas depois dos alagamentos e deslizamentos. A falta de energia elétrica e de comunicações aumentou ainda mais o sentimento de abandono dos moradores.

Interrompidas desde a tarde de domingo por quedas de barreiras, as ruas Hermann Huscher e Progresso eram o retrato do caos. Árvores e postes caídos, além de galhos, fios e lama espalhados pela via impediam a passagem de veículos em direção às regiões mais afastadas.

No Bairro Progresso, os moradores da Rua Emílio Tallmann – nas proximidades do Clube Centenário – viveram uma madrugada de apreensão, com a queda de barreiras, que deixaram dezenas de moradores ilhados. Pelo menos duas pontes foram destruídas pela força da correnteza do Ribeirão Garcia, que ainda inundou ruas e atingiu imóveis localizados nas áreas mais baixas.

Moradora da Rua Marabá, a dona de casa Maria Odete Gonçalves deixou a sua residência no final da tarde de domingo, para passar a noite na casa de vizinhos, na Rua Emílio Tallmann. Impossibilitada de voltar para a residência, ela seguiu na manhã de ontem para um abrigo da prefeitura.

– Estamos sem água e sem luz. Não sei nem se eu tenho uma casa para voltar – lamentou.

No final da manhã de ontem, rumores de que a barragem da ETA-3 corria risco de rompimento levaram centenas de moradores dos bairros Zendron e Valparaíso a deixarem suas residências.

Nas ruas Antônio Zendron e Emílio Tallmann, famílias inteiras caminhavam em direção à Rua Amazonas, em busca de proteção.

O medo e a desinformação só se dissiparam no início da tarde, quando um boletim oficial da Defesa Civil dava conta da improcedência da notícia.

Na Rua Progresso, o perigo estava nos dois lados da via. Deslizamentos da parte elevada da via bloquearam a passagem pouco depois da Rua Germano Roeder – que dá acesso à Associação da Artex. Parte do terreno do Cemitério da Rua Progresso cedeu, deixando caixões à mostra.

Na parte da rua que dá para o Ribeirão Garcia, o risco era de desbarrancamentos, com moradores apressados para retirar os móveis de casas localizadas em áreas de risco.

Veículo: Jornal Diário Catarinense.
Edição: 8267.
Editoria: Reportagem Especial.
Página: 6.