ENTREVISTA: GERALDO ALTHOFF, PRESIDENTE DO GRUPO REAÇÃO
Não há erro de classificação nas obras de reconstrução do Vale do Itajaí. É o que sustenta o secretário de Articulação Nacional e presidente do Grupo Reação, Geraldo Althoff (DEM). Segundo o ex-senador, as verbas só poderiam ficar na rubrica "prevenção", embora a MP 448 também tenha previsto a rubrica "restabelecimento da normalidade no cenário de desastres". Althoff evita gerar conflito com as outras instâncias do poder Executivo – federal e municipal -, e também desvia das perguntas sobre a origem do problema. Na entrevista, concedida à repórter Júlia Borba, afirma que "quanto menos se falar nisso, melhor", e que o momento é de trabalhar para solucionar o entrave.
Jornal de Santa Catarina – O projeto encaminhado pelo Estado ao ministério saiu como "Ações emergenciais de execução de obras de prevenção em SC". Por que a descrição do projeto não foi conforme a outra rubrica prevista na MP 448?
Geraldo Althoff – Porque não pode. A medida provisória é lei e precisa ser cumprida. Tem que ser nessa rubrica, como obras preventivas. Não pode fazer em outra.
Santa- Assim, a liberação passaria por todo o trâmite burocrático, atrasando a verba?
Althoff – Não… tem de ser feito conforme a lei.
Santa – Então não foi o Ministério da Integração que mudou a classificação das obras?
Althoff – Não, não. Estamos conversando para chegar a uma solução.
Santa – O Estado não sabia que em vez de prevenção teria de ter pedido "restabelecimento da normalidade no cenário de desastres"?
Althoff – Isso não existe, minha filha. Prevenção é uma coisa, assistência é outra coisa, reconstrução é outra. As palavras são diferentes e as ações também.
Santa – Então, realmente foram classificadas como obras preventivas no lugar de restabelecimento da normalidade no cenário de desastres?
Althoff – Nós precisamos de dinheiro. Como nós não vamos colocar nessa rubrica, se precisamos fazer obras preventivas? Precisamos fazer obras de prevenção.
Santa – O que será feito para resolver o impasse de rubrica?
Althoff – Não existe mudança nesse caso. Nem pedimos para mudar o que está na MP, porque está correto. O que está ocorrendo é uma orientação diferente da proposta. E estamos tentando regularizar.
Santa – E de que forma será regularizado?
Althoff – Da melhor maneira possível.
Santa – Qual seria a melhor solução?
Althoff – Estamos procurando isso. Se tivesse, eu já teria dito.
Santa – Houve erro na classificação do projeto?
Althoff – Absolutamente nenhum.
Santa – Mas o Ministério da Integração diz que, se o projeto entrasse na rubrica "restabelecimento da normalidade no cenário de desastres", estariam livres deste entrave burocrático.
Althoff – Mas precisamos de dinheiro para obra preventiva, minha filha. Você tem três tipos de situação. Primeiro, salvar as pessoas e dar assistência. Por exemplo, não entrava ninguém no Baú, tinha que tirar o barro que caiu, isso não é reconstrução e nem prevenção. Você está abrindo caminho para chegar lá. Outro tipo é reconstruir uma ponte que caiu, isso é reconstrução. E fazer um tapume no morro que caiu é prevenção. Quem colocou dessas três maneiras foi o presidente da República, acompanhando a legislação.
Santa – O Estado só poderia ter encaminhado como prevenção?
Althoff – Lógico. A lei diz que tem R$ 120 milhões para essa finalidade. A verdade é essa.
Santa – Mas essa história não está confusa?
Althoff – Eles fazem mesmo para ninguém entender. E outra coisa, quanto menos falar nisso, melhor. Porque temos que trabalhar para resolver, e não para fazer fofoca.
Santa – A intenção é entender como e quando será liberada a verba esperada.
Althoff – O dinheiro está em Brasília, isso posso te garantir. O presidente da República que mandou fazer isso. É só pegar a MP 448 original e analisar.
Veículo: Jornal de Santa Catarina.
Edição: 11579.
Editoria: Política.
Jornalistas: Giovana Pietrzacka (giovana@santa.com.br) e Robson Bonin (robson.bonin@gruporbs.com.br).