Apesar do cenário de recuperação econômica, a arrecadação de impostos e contribuições federais ainda não mostra reação. Segundo a Receita Federal, em agosto passado o total arrecadado somou R$ 52,06 bilhões, valor 11,34% menor que o de julho. Em comparação com agosto de 2008, a redução foi de 7,49% em termos reais.
Foi o 10º mês seguido de queda, nessa base de comparação, o período mais longo de recuo contínuo. De janeiro a agosto, o tombo chega a 7,4%, o equivalente a R$ 34,9 bilhões em valores corrigidos pelo IPCA.
O recuo é puxado, sobretudo, pela combinação do efeito da desaceleração da atividade econômica no lucro das empresas, que afeta negativamente o recolhimento de tributos como o Imposto de Renda e a Cofins, e de medidas de desoneração que suprimiram R$ 17, 3 bilhões dos cofres da Receita Federal.
Mas, segundo fontes do Ministério da Fazenda, a demora na resposta da arrecadação à melhora dos principais indicadores econômicos está diretamente relacionada também ao aumento da inadimplência de empresas. O problema, detectado desde o início da crise, ainda não dá sinais de normalização e já levou o comando da Receita a preparar de um conjunto de medidas para combatê-lo.
Desde o agravamento da crise econômica, muitas empresas têm usado o recurso de administrar o caixa deixando de pagar ou fazendo manobras contábeis para adiar o pagamento de tributos. A Selic em queda facilita isso, pois é a taxa que corrige os débitos em atraso. Para algumas empresas, sai mais barato deixar de pagar do que pegar um financiamento no banco.
Os números (anexo)
Veículo: Jornal Diário Catarinense.
Edição: 8565.
Editoria: Economia.
Página: 20.