O Brasil só terá condições de contar com um sistema de alerta e prevenção contra catástrofes naturais daqui a quatro anos. A constatação foi feita ontem após reunião da presidente Dilma Rousseff com o ministro-chefe da Casa Civil, Antonio Palocci, e os ministros da Integração Nacional, Fernando Bezerra Coelho, da Defesa, Nelson Jobim e da Ciência e Tecnologia, Aloizio Mercadante.
Dados apresentados por Mercadante mostram que o país hoje apresenta 500 áreas com risco de deslizamento, na qual vivem aproximadamente 5 milhões de pessoas. Outras 300 áreas têm riscos de inundações. "Precisamos construir um sistema nacional de alerta e prevenção. Precisamos aprimorar a capacidade de previsão de chuvas", admitiu Mercadante.
Dilma determinou que Jobim, Bezerra e o ministro da Justiça, José Eduardo Cardozo, sobrevoem hoje a região serrana para uma nova avaliação dos estragos. Titular da pasta à qual a Defesa Civil está vinculada, Bezerra reconhece a precariedade do serviço no país. "De cada cinco cidades, apenas uma tem sistema de Defesa Civil estruturada e ainda assim não tão bem."
Mercadante disse que o Brasil precisa aprimorar a capacidade de previsão de chuvas. Ele informou que um novo computador localizado no Instituto Nacional de Pesquisas Espaciais (Inpe) tem condições de medir com mais precisão a localização e a quantidade de chuvas que cairá durante um determinado período. Os equipamentos anteriores permitiam que essa análise fosse feita em um raio de 20 quilômetros quadrados. Esse novo sistema identifica em uma área de 5 quilômetros quadrados.
Segundo ele, as informações meteorológicas brasileiras já são reconhecidas internacionalmente. "Com esse novo computador, nós poderemos cruzar essas informações (área de incidência e volume da precipitação pluviométrica)", disse. "Mas nós ainda não temos um modelo matemático para os deslizamentos. É um desafio técnico-cientifico." Outro problema é que o país possui alguns centros de excelência nesse setor, mas fazem trabalhos de maneira isolada: o IPT atua em São Paulo, o GeoRio, no Rio, e a Universidade Federal de Santa Catarina, na região Sul.
O ministro Nelson Jobim assegurou que a participação das Forças Armadas no auxílio às vítimas das enchentes acontecerá caso a caso, sempre seguindo as orientações da presidente Dilma.
Veículo: Jornal Valor Econômico.
Edição: 2676.
Editoria: Brasil.
Página: A4.
Jornalista: Paulo de Tarso Lyra, de Brasília.