O economista e especialista em educação Claudio de Moura Castro avalia como equivocada a proposta do Ministério da Educação (MEC). Para ele – um dos maiores estudiosos sobre educação no Brasil e autor de vários livros e artigos sobre o assunto – o projeto ignora décadas de história e pesquisas na área. Integrar não seria a solução dos problemas do ensino médio, que, na opinião dele, está encolhendo por ser "chato e sobrecarregado de matérias".
– Aprendem-se coisas cujo uso, se é que existe, nem os professores sabem. Isso tudo em uma idade de transição, de grandes terremotos interiores e pouco interesse por assuntos teóricos e abstratos.
O especialista defende que a reforma do médio requer outros caminhos, que não passam pela integração com o técnico.
– Ela exige reduzir o número de matérias e, mais ainda, os conteúdos dentro de cada uma. Requer mais aplicação. Ser mais prático não significa ser voltado para um emprego ou ocupação. Significa que a teoria deve ser exercitada em aplicações no mundo real – afirma Castro.
Ele acredita que o ensino técnico precisa estar voltado para o mercado de trabalho e para uma demanda existente. Para o economista, como as profissões ensinadas têm valores, ética e princípios próprios, esse modelo não funciona bem quando instalado em uma escola acadêmica, com alunos de perfis variados.
Além disso, ele argumenta que o ensino técnico tem um custo elevado.
– São escolas muito caras, têm quase custo de universidade federal, que, por sua vez, custam o mesmo que a média da Europa. Não há recursos para a expansão que seria desejável no setor público.
Especialista em educação, a professora Helena Sporleder Côrtes, da Pontifícia Universidade Católica do Rio Grande do Sul (PUCRS), acredita na ideia, mas antevê dificuldades de implantação do modelo no Brasil.
– Melhorar a formação do quadro técnico e ampliar o conhecimento humanístico é uma ideia positiva, mas é preciso um estudo de viabilidade. Definir algo por meio de legislação é fácil, mas quem seriam os professores para atender esses alunos, quais as escolas que o ofereceriam e onde?
IF-SC: o melhor |
Confira os cursos técnicos, integrados ao ensino médio, oferecidos pelo Instituto Federal de Santa Catarina O IF-SC foi considerado, pela terceira vez, o melhor dos 158 centros universitários federais do Brasil. |
– Campus Chapecó – Informática vespertino |
– Campus Florianópolis – Edificações vespertino; Eletrônica vespertino; Eletrotécnica matutino e vespertino; Química matutino e Saneamento matutino |
– Campus Joinville – Eletroeletrônica vespertino e Mecânica matutino |
– Campus São José – Refrigeração e Climatização matutino e Telecomunicações vespertino |
– Campus São Miguel do Oeste – Agroindústria vespertino |
– Campus Jaraguá do Sul – Química matutino |
INSCRIÇÕES: |
– Para entrar em um curso técnico, é preciso participar do processo seletivo, feito a cada seis meses. |
– Datas, prazos e outras informações estão no endereço www.ifsc.edu.br. |
– O recém-criado curso de Química, em Jaraguá do Sul, terá um processo seletivo à parte. |
Ensino Médio em Santa Catarina (anexo)
Veículo: Jornal Diário Catarinense.
Edição: 9061.
Editoria: Geral.
Página: 28.
Jornalista: Júlia Antunes Lorenço (julia.antunes@diario.com.br).