O governo busca um contraponto ao aumento da renda e do emprego verificado em 2010 que, não por acaso, gerou uma demanda acelerada de produtos nacionais e importados, pressionando as metas fiscais, monetárias e cambiais. Para o empresário Juan Quirós, presidente do Grupo Advento, da área de construção civil de infraestrutura e edifícios, expansão superior a 7% ao ano levaria o Brasil a tropeçar em seus antigos problemas, podendo ameaçar o presente ciclo positivo de crescimento.
– O direito de expandir o PIB a patamares mais ousados, resgatando de modo definitivo o passivo social e aproximando o país do pleno emprego, somente será conquistado mediante algumas lições de casa para solucionar questões pontuais e, sobretudo, os gargalos estruturais que há tanto tempo nos atrapalham – afirma o empresário.
Segundo Quirós, a maior urgência é equacionar o desequilíbrio do câmbio, principal responsável por dois indicadores preocupantes, constantes dos dados referentes ao terceiro trimestre de 2010: a elevação de 7,4% da importação de bens e serviços e o recuo de 1,6% da indústria de transformação.
– A prioridade máxima, contudo, é realizar as reformas tributária/fiscal, previdenciária e trabalhista, essenciais para reduzir o Custo Brasil, que tem impacto negativo na competitividade do país – diz.
José Ricardo Roriz Coelho, presidente da Associação Brasileira da Indústria de Plástico (Abiplast), da Vitopel e diretor titular do Departamento de Competitividade e Tecnologia da Fiesp, salienta que os números da produção, do consumo interno e das exportações somente poderão ser mais positivos, contribuindo, também, para reverter o preocupante quadro de crescimento das importações, se o governo da presidente Dilma Rousseff e a nova legislatura federal solucionarem alguns gargalos estruturais, que vêm prejudicando bastante o setor do plástico e a indústria de transformação como um todo.
– A primeira e inadiável lição de casa é a reforma tributária, que não pode mais ser postergada. A elevada carga de impostos é a principal barreira para as empresas, independentemente de seu porte, por incidir de modo direto sobre os próprios investimentos e retirar recursos que poderiam ser aplicados em empreendimentos produtivos – destaca.
De acordo com Aguinaldo Diniz Filho, presidente da Associação Brasileira da Indústria Têxtil (ABIT), as perspectivas de crescimento da economia brasileira são boas, em especial se analisadas na comparação com o histórico de crescimento dos últimos 20 anos.
– Com crédito menor, será possível afastar riscos maiores de descasamento entre a oferta de crédito e a capacidade de pagamento dos tomadores. Além disso, a facilidade de crédito de longo prazo para bens de consumo pode resultar na deterioração da qualidade de endividamento para toda a economia nacional. Em suma, as restrições de crédito e liquidez adotadas pelo governo no final do ano são prudentes – pondera.
JOSÉ RICARDO COELHO
Presidente da Abiplast
"A carga de impostos é a principal barreira para as empresas, independentemente de seu porte."
Veículo: Jornal Diário Catarinense.
Edição: 9053.
Editoria: Economia.
Página: 20.
Jornalista: Simone Kafruni (simone.kafruni@diario.com.br).