Estações incomunicáveis

 

A falha no sinal de transmissão em tempo real de todas as 16 estações de telemetria e meteorológicas instaladas em cidades do Vale do Itajaí deixaram vulnerável o sistema de prevenção a desastres. O sistema de monitoramento do clima e das bacias do Rio Itajaí-Açu apresenta problemas desde o dia 22 de julho e se intensificou justamente quando a Defesa Civil dos municípios da região entraram em alerta, depois que o nível do Itajaí-Açu em Blumenau chegou a 6,70 metros, às 2h de ontem. Os dados deveriam ser transmitidos de hora em hora para a sede do Centro de Operação do Sistema de Alerta (Ceops), no campus I da Furb, em Blumenau. O centro serve de referência aos técnicos da Defesa Civil dos municípios da região. Com a falha, os profissionais são obrigados a se deslocar até as estações para descarregar os dados capturados pelos equipamentos.

Nem mesmo o medidor instalado no Centro de Blumenau, sob a Ponte Adolfo Konder, transmite as informações instantaneamente. A estação serve de base para prever a evolução do nível do Rio Itajaí-Açu na cidade em caso de cheia. De acordo com o meteorologista do Ceops, Dirceu Severo, o problema estaria relacionado à falha do sinal das operadoras de telefonia celular nos pontos onde as estações estão instaladas.

Em três municípios do Vale – Barra do Prata, Mirim Doce e Botuverá -, os medidores também não transmitem em tempo real porque não há sinal de celular na área. O contato deveria ser feito por satélite, mas o instituto precisa contratar uma empresa para fazer a transmissão dos dados. As 16 unidades da região foram implantadas gradualmente desde 1984.

Outras nove estações foram instaladas em bairros de Blumenau e começaram a operar em junho deste ano. Mas apenas as duas do Distrito do Garcia, uma meteorológica e outra de monitoramento do ribeirão, transmitem os dados regularmente. As demais apresentam a mesma falha de sinal no envio dos dados. Em 10 dias, o Ceops pretende trocar as operadoras que fornecem o sinal de comunicação entre a sede e as unidades. Coordenador técnico do Ceops, Severo garante que as previsões de enchente não são prejudicadas.

– Tivemos o azar de passar por um período de clima ruim no momento em que tentamos solucionar as falhas. Mas os dados que obtemos por telefone ou na leitura feita no local foram suficientes – explica.

SISTEMA DE TELEMETRIA

– No Vale, há um conjunto de 16 sensores instalados em pontos estratégicos dos rios Itajaí-Açu, Itajaí-Mirim e afluentes. O sensor fica dentro do rio, conectado ao pluviômetro, instalado em um abrigo para captar e transmitir os índices de chuva até a central, em Blumenau

Como é feita a transmissão

– Três dos sensores têm transmissão via satélite e 13, via celular. As transmissões deveriam ocorrer de hora em hora, para o Centro de Operações do Sistema de Alerta da Bacia Hidrográfica do Rio Itajaí-Açu (Ceops), na Furb, em Blumenau, e para órgãos de monitoramento nos municípios, como a Defesa Civil

– Em Blumenau, há ainda outras nove estações espalhadas pelos bairros, que monitoram o volume de chuva, velocidade dos ventos, umidade, temperatura e nível dos ribeirões

Veículo: Jornal de Santa Catarina.
Edição: 12286.
Editoria: Geral.
Página: 10.
Jornalista: Cristian Weiss (cristian.weiss@santa.com.br).