FLORIANÓPOLIS – Médicos e servidores do Sistema Único de Saúde (SUS) paralisaram as atividades por uma hora em Santa Catarina ontem. A mobilização fez parte de um movimento nacional que pede pelo aumento de repasses no setor e por melhores salários. O Sindicato dos Médicos do Estado de Santa Catarina (Simesc) informou que a paralisação ocorreu na troca de turno dos profissionais, entre 13h e 14h. Não foram interrompidos os serviços de urgência e emergência e, de acordo com o Simesc, cirurgias ou consultas apenas foram atrasadas.
– Não teria sentido prejudicar de novo o cidadão brasileiro, que espera para ter acesso aos médicos e por cirurgias – afirma o presidente do Sindemosc, Cyro Soncini.
Para o médico, a principal reivindicação é a regulamentação da emenda 29, que aguarda aprovação do Congresso Nacional desde 2000. Segundo Soncini, com a emenda, o governo federal se comprometeria a aumentar o repasse – que hoje é de 4,6% – para a saúde do Estado. De acordo com o presidente do Simesc, o investimento dos governos estaduais e municipais já se aproxima ao previsto pela emenda.
O médico explica que, com o repasse baixo do governo federal, não há estrutura para médicos atenderem toda a demanda e fazerem cirurgias. Além disso, os valores de pagamento por consulta previstos na tabela do SUS, como de R$ 10 por consultas de especialistas, para ele, faz com que os profissionais prefiram abandonar o atendimento pela rede.
– Por isso, falta acesso das pessoas à consulta de oftalmologista, pediatra, todos os especialistas – destaca.
O Simesc não fez um levantamento sobre quantos hospitais aderiram à paralisação de ontem no Estado, que tem 10 mil médicos trabalhando pelo SUS.
A Secretaria de Estado da Saúde de SC preferiu não tomar medidas quanto ao movimento, pois a interrupção das atividades ocorreu por um curto período. A Secretaria considerou ainda que as reivindicações são nacionais.
No Brasil, a Comissão Pró-SUS estimava adesão de ao menos 20 Estados e metade dos 195 mil profissionais da saúde que atendem pela rede gratuita. No Piauí, a previsão é de paralisação por dois dias e, em São Paulo, as interrupções foram pontuais.
O Ministério da Saúde não se pronunciou sobre o assunto por admitir que a gestão do SUS é compartilhada com governos estaduais e municipais.
Veículo: Jornal de Santa Catarina
Edição: 12356
Editoria: Geral
Página: 12